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15 abril 2020
Texto de Rita Leça Texto de Rita Leça

Mudam-se os tempos, mas não as vontades

​​​​​​Na Farmácia Teixeira tenta-se a proximidade, mesmo com as regras impostas pelo COVID-19.

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Os tempos são de incerteza e de contenção social. Em Vouzela, as ruas estão praticamente vazias, mas à porta da Farmácia Teixeira tenta-se uma espécie de normalidade e de conforto. «Alguns utentes vêm cá todos os dias, seja para pedir um medicamento, seja apenas para conversar», relata Carolina Teixeira Brinca, directora-técnica da farmácia desta vila do distrito de Viseu.

«Há um atendimento muito próximo, quase familiar», diz o utente António Liz Dias. «Quando vivi em Espanha, também tinha uma boa relação com a farmácia próxima de casa, mas não era como aqui», explica, rematando: «Talvez seja a própria actividade farmacêutica que torna as pessoas mais atenciosas». 


​António Liz Dias goza de uma vida cheia. Aos 84 anos não tem «doenças de maior, só as coisas da idade» e o seu maior lamento foi que, este ano, por causa do Covid-19, a filha e os dois netos não puderam de sair de Madrid, onde vivem, para celebrar a Páscoa em Portugal, como fazem todos os anos. A família espera agora por melhores dias: «Gostava que pudéssemos passar o Natal juntos».

Em Vouzela, vive com a mulher, Maria Helena. A Farmácia Teixeira, do outro lado da rua, é um porto seguro. «Vou, praticamente, todas as semanas. Compro o que preciso, para mim e para a minha Helena», conta, explicando que, por poder ver a farmácia da janela da sala, e​scolhe os momentos mais calmos, com menos afluência, protegendo-se e protegendo os demais. E sente-se seguro. «As farmacêuticas têm sempre todos os cuidados para evitar qualquer contágio. Estou tranquilo», confessa.



Nesta farmácia, os esforços são para que António e todos os utentes não sintam de forma tão violenta o impacto das novas medidas de segurança que a pandemia do novo coronavírus impôs – um caminho estreito a unir a rua do postigo de atendimento, novos horários e diferentes rotinas para o mesmo serviço.

Aqui, continua-se a atender com um sorriso e a fazer entregas ao domicílio, em especial nas aldeias vizinhas, mais isoladas. E para colmatar a distância, inventa-se o toque, mesmo separado pelo postigo. «Agora, mais do que nunca, as pessoas precisam de nós», diz Carolina Brinca.
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