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27 novembro 2020
Texto de Sandra Costa Texto de Sandra Costa Fotografia de Eduardo Costa Fotografia de Eduardo Costa Vídeo de Rui Gouveia Vídeo de Rui Gouveia

Senhor Santo Cristo dos Milagres

​​​​​​​​​A festa que atrai massas foi suspensa este ano, a primeira vez em três séculos.

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Os Açores são a região do país com maior número de católicos praticantes e a grande expressão desta fé são as mundialmente famosas Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres. Realizam-se anualmente no quinto domingo a seguir à Páscoa, atraindo milhares de açorianos, incluindo da diáspora, continentais e turistas de todo o mundo. Mesmo antes de o turismo de massas ter chegado à ilha, já os hotéis e as passagens aéreas esgotavam com a afluência. Desde a primeira procissão, por volta de 1700, nunca a festa falhou, ainda que com contornos diferentes por ocasião da I Guerra Mundial e da gripe espanhola de 1918. «Este foi o único ano em que não se fez absolutamente nada», lamenta o padre Adriano Borges.

A festa presta homenagem ao Senhor Santo Cristo dos Milagres, cuja imagem está guardada no Convento de Nossa Senhora da Esperança, em Ponta Delgada. É aqui que se encontra o Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres. «Esta imagem é, com certeza, a mais importante para o povo açoriano. É um excelente veículo para nos conduzir até Deus, ao transcendente. É o visível do invisível», explica o padre. A atracção vem da enorme serenidade que o rosto transmite, adianta. Outra faceta interessante é que o olhar da imagem parece sempre acompanhar o olhar de quem a olha, independentemente da posição em que se esteja. «É necessário estar perto da imagem para perceber o impacto que tem nas pessoas. É um Cristo sofredor, um Cristo que é posto naquela situação bíblica em que é apresentado ao público por Pilatos».

A história da devoção ao Senhor Santo Cristo dos Milagres inicia-se com a viagem de duas religiosas a Roma, no século XVI, com vista a pedir ao Papa autorização para abrir um convento na zona da Caloura, na ilha de São Miguel. O Papa terá oferecido a imagem do Santo Cristo, que as religiosas trouxeram para a ilha. «Há uma mistura de lenda e verdade, esta é a história que chegou até nós», clarifica o padre Adriano Borges. Mais tarde, a imagem foi transferida para o Convento de Nossa Senhora da Esperança, em Ponta Delgada. O início da devoção ocorreu por volta de 1700, quando foi organizada uma procissão com a presença da imagem, para pedir o fim de uma grave crise sísmica na ilha. Foi então que ao nome do Senhor Santo Cristo foi acrescentado dos Milagres. «A crise sísmica terminou após a procissão».

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