Os Açores são a região do país com maior número de católicos praticantes e a grande expressão desta fé são as mundialmente famosas Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres. Realizam-se anualmente no quinto domingo a seguir à Páscoa, atraindo milhares de açorianos, incluindo da diáspora, continentais e turistas de todo o mundo. Mesmo antes de o turismo de massas ter chegado à ilha, já os hotéis e as passagens aéreas esgotavam com a afluência. Desde a primeira procissão, por volta de 1700, nunca a festa falhou, ainda que com contornos diferentes por ocasião da I Guerra Mundial e da gripe espanhola de 1918. «Este foi o único ano em que não se fez absolutamente nada», lamenta o padre Adriano Borges.
A festa presta homenagem ao Senhor Santo Cristo dos Milagres, cuja imagem está guardada no Convento de Nossa Senhora da Esperança, em Ponta Delgada. É aqui que se encontra o Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres. «Esta imagem é, com certeza, a mais importante para o povo açoriano. É um excelente veículo para nos conduzir até Deus, ao transcendente. É o visível do invisível», explica o padre. A atracção vem da enorme serenidade que o rosto transmite, adianta. Outra faceta interessante é que o olhar da imagem parece sempre acompanhar o olhar de quem a olha, independentemente da posição em que se esteja. «É necessário estar perto da imagem para perceber o impacto que tem nas pessoas. É um Cristo sofredor, um Cristo que é posto naquela situação bíblica em que é apresentado ao público por Pilatos».
A história da devoção ao Senhor Santo Cristo dos Milagres inicia-se com a viagem de duas religiosas a Roma, no século XVI, com vista a pedir ao Papa autorização para abrir um convento na zona da Caloura, na ilha de São Miguel. O Papa terá oferecido a imagem do Santo Cristo, que as religiosas trouxeram para a ilha. «Há uma mistura de lenda e verdade, esta é a história que chegou até nós», clarifica o padre Adriano Borges. Mais tarde, a imagem foi transferida para o Convento de Nossa Senhora da Esperança, em Ponta Delgada. O início da devoção ocorreu por volta de 1700, quando foi organizada uma procissão com a presença da imagem, para pedir o fim de uma grave crise sísmica na ilha. Foi então que ao nome do Senhor Santo Cristo foi acrescentado dos Milagres. «A crise sísmica terminou após a procissão».
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