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5 dezembro 2024

Gravidez gemelar

​​​​​Alegria a duplicar, cuidados a dobrar.​

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Texto de Ana Patr​icia Domingues​ | Coordenadora de obstetrícia, Hospital CUF Descobertas​

A incidência da gravidez​ gemelar aumentou nas últimas décadas, ascendendo atualmente a cerca de 3% a 4% das gestações. Estas gravidezes apresentam um risco significativamente maior de complicações maternas, fetais e neonatais, para as quais é importante sensibilizar as famílias.

Se as características da mãe (nomeadamente a obesidade e/ou elevada estatura), a origem étnica e geográfica dos pais (para se ter melhor noção, veja-se o exemplo: por cada mil partos registados na Europa e na América do Norte, oito são de gémeos, ao passo que na Nigéria o número aumenta para 50), o número de partos anteriores e a história familiar de gémeos aumentam a probabilidade, os principais fatores responsáveis pela crescente prevalência são o aumento da idade materna e o recurso a técnicas de apoio à fertilidade.
 
Existem vários tipos de gémeos, consoante o número de placentas (corionicidade) e de sacos amnióticos. Assim, a gravidez gemelar pode ser monocorial, quando os bebés partilham a mesma placenta, ou bicorial, quando cada um tem a sua placenta. De um modo geral, cerca de 70% a 80% das gravidezes gemelares espontâneas são bicoriais.

A gravidez gemelar é considerada de alto risco. As grávidas têm um risco acrescido de sofrer de anemia, hipertensão gestacional, pré-eclampsia e doenças tromboembólicas, além de, habitualmente, se registarem mais queixas de enjoos e retenção de líquidos. Por sua vez, os bebés têm um maior risco de anomalias congénitas e restrição de crescimento fetal. Contudo, a complicação mais comum é o parto pré-termo (antes das 37 semanas), que acontece em cerca de metade das gestações de gémeos, sendo que 5% nascem mesmo antes das 28 semanas, considerando-se pré-termos extremos.

As complicações fetais variam consoante a corionicidade de cada gravidez. Como tal, a determinação precoce do número de placentas e sacos amnióticos, através da ecografia obstétrica, é fundamental, uma vez que permite antecipar possíveis riscos e definir um plano de vigilância da gravidez individualizado, focado na otimização e na redução do risco de complicações.

Estas gravidezes são acompanhadas com uma frequência superior às outras, em consultas pré-natais, com a realização de análises e eco- grafias adaptadas a cada situação específica, a par da toma de suplementos adequados durante a gravidez, da redução gradual da atividade laboral e física, e do controlo do peso materno. O parto exige, igualmente, cuidados acrescidos, pois a probabilidade de complicações é maior.

A vigilância e orientação da gravidez gemelar numa Unidade de Alto Risco Obstétrico, com uma equipa multidisciplinar diferenciada, experiente e preparada para lidar com todas as situações, é fundamental para garantir a saúde e o bem-estar da mãe e dos bebés, não só ao longo de toda a gestação, como no pós-parto.
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