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29 agosto 2024

Doença cardíaca na gravidez

​​​​​Estes casos são classificados como de alto risco e requerem uma abordagem multidisciplinar.​

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Texto de Ana Patrícia Domingues​ | Médica coordenadora de ginecologia-obstetrícia, Hospital CUF Descobertas

​A existência de doença cardíaca na gravidez pode ser um desafio para a saúde maternofetal. Estima-se que provoque complicações em cerca de 1% a 4% das gravidezes nos países ocidentais industrializados. É a primeira causa de morte materna na gravidez, com subida da incidência devido ao aumento da idade média materna. Outros fatores de risco cardiovascular em mulheres na idade fértil são o tabagismo, a diabetes mellitus, obesidade e hipertensão arterial. Verifica-se também um número crescente de mulheres com cardiopatias congénitas corrigidas que atingem a idade adulta. Já nos países orientais prevalece a doença valvular reumática.

A gravidez constitui um fator de stresse adicional ao sistema cardiovascular da mulher. Durante a gestação ocorrem alterações fisiológicas, como o aumento do volume plasmático, do débito (volume de sangue bombeado pelo coração, a cada batimento) e da frequência cardíaca (batimentos cardíacos por minuto). Regista-se ainda a diminuição da pressão arterial, o aumento da coagulabilidade (tendência acrescida para formar coágulos sanguíneos) e a consequente probabilidade de sofrer eventos tromboembólicos.

As alterações descritas potenciam o risco de complicações, nomeadamente insuficiência cardíaca, hipertensão pulmonar, arritmias e, em casos mais extremos de mulheres com doença cardíaca preexistente, a morte. A grande maioria das mulheres grávidas com patologia cardíaca tolera as alterações fisiológicas, mas existem doenças que se manifestam pela primeira vez na gravidez e outras que a contraindicam totalmente, pelo risco materno associado.

Mulheres com doença cardíaca diagnosticada, como cardiomiopatia, valvulopatia, cardiopatia congénita, arritmia ou hipertensão crónica, devem realizar uma avaliação pré-concecional, que abrange as avaliações ginecológica e a cardíaca. O principal objetivo é otimizar o tratamento farmacológico (suspendendo os fármacos contraindicados e introduzindo outros alternativos e seguros), e aconselhar sobre os riscos associados. Estes casos são classificados como gravidez de alto risco e requerem uma abordagem multidisciplinar.

A orientação pré-natal, no parto e pós-parto, convém ser adaptada às necessidades específicas de cada parturiente, de forma a minimizar os riscos para a mãe e para o bebé. O acompanhamento médico adequado e multidisciplinar é essencial para garantir os melhores resultados clínicos e uma gravidez e um pós-parto seguros e saudáveis.
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