Nos últimos anos, a obesidade tornou-se um problema de Saúde Pública. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), em 2016, mais de 350 milhões de pessoas tinham obesidade.
A obesidade define-se como um índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30 kg/m2. O excesso de tecido adiposo liberta substâncias, conhecidas como adipocinas, que provocam inflamação crónica e consequente lesão vascular. Estas podem provocar complicações, como a diabetes, o enfarte agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC).
A obesidade e o aumento excessivo de peso durante a gravidez são fatores de risco para a mãe e para o bebé. A incidência de diabetes gestacional e pré-eclampsia em grávidas com obesidade é três vezes superior à das que têm um IMC normal. O peso a mais está, igualmente, associado a maior risco de anomalias no bebé, nomeadamente malformações cardíacas, defeitos no desenvolvimento do cérebro, da coluna ou da medula óssea. O excesso de gordura da mulher dificulta a visualização nas ecografias, dificultando o diagnóstico deste tipo de problemas.
Como a probabilidade de o bebé ser grande é maior, há risco acrescido de cesariana e utilização de fórceps ou ventosa. Já no pós-parto, aumenta o risco de a mãe sofrer infeções ou um tromboembolismo venoso.
Os recém-nascidos de mães com obesidade têm risco acrescido de vir a desenvolver esta doença, diabetes e hipertensão, na infância e idade adulta.
Atualmente, recomenda-se que o aumento do peso durante a gravidez, numa grávida com obesidade, não exceda cinco a nove quilos. Contudo, estudos recentes demonstraram que, nestes casos, manter ou perder peso é ainda mais vantajoso para a mãe e para o bebé.
O ideal é as mulheres tentarem alcançar o peso adequado antes de engravidarem, para aumentar as probabilidades de sucesso na conceção, mas também para evitar complicações na gravidez e no pós-parto. Quando isso não acontece, é importante as grávidas com obesidade serem devidamente informadas sobre os riscos, para si e para o bebé, e obterem o devido apoio ao longo de todo o processo, para se motivarem no controlo do peso.
Assim, recomenda-se fortemente o acompanhamento das grávidas em consulta de Nutrição. Mesmo para aquelas que não têm excesso de peso, a educação para o peso adequado na gravidez, e seguir uma dieta saudável e nutritiva, contribuem substancialmente para a redução das complicações.
A ideia de que a grávida deve comer por dois é um mito! O essencial é adotar um estilo de vida saudável: fazer uma alimentação equilibrada, praticar exercício físico e não fumar são um verdadeiro investimento na saúde da mulher e do seu filho, e os benefícios prolongam-se no futuro.