A subida dos níveis de glicose (açúcar) no sangue pode ocorrer em qualquer fase da gravidez, sendo mais frequente a partir da 24.ª semana de gestação. História de diabetes gestacional, alterações da tolerância à glicose, história familiar de diabetes mellitus, excesso de peso ou obesidade, mais de 35 anos, com síndrome do ovário poliquístico, hipertensão arterial, a realizar terapêutica com glucocorticóides e uma gestação anterior com recém-nascido com peso superior a 4,1 kg, constituem fatores de risco para o desenvolvimento desta condição.
A diabetes gestacional pode ter consequências para a mãe e para o feto: pré-eclampsia, parto prematuro, bebé com peso acima de 4 kg, excesso de líquido amniótico, síndrome de dificuldade respiratória do recém-nascido e icterícia.
No primeiro trimestre, o diagnóstico estabelece-se por um valor de glicemia em jejum igual ou superior a 92 e inferior a 126 mg/dL (tendo realizado um jejum de oito a 12 horas). Se a glicemia for normal, deverá ser realizada uma prova de tolerância à glicose entre as 24 e as 28 semanas. As grávidas que tenham realizado cirurgia bariátrica não podem realizar esta prova.
A maioria das grávidas não tem sinais ou sintomas associados, mas pode sentir sede, aumento do apetite, visão turva, cansaço excessivo e ter infeções urinárias mais frequentes.
Mediante o diagnóstico, a grávida deve ser seguida por um(a) endocrinologista e por um(a) nutricionista, iniciando a autovigilância da glicemia por punção capilar (picar o dedo), até ao final da gravidez. Os alvos glicémicos são, em jejum, igual ou inferior a 95 mg/dL e, uma hora após a refeição, igual ou inferior a 140 mg/dL.
A manutenção de um peso saudável, a prática de exercício físico regular e a adoção de um plano alimentar equilibrado permitem o controlo da maioria das mulheres com diabetes gestacional. Quando os alvos não são alcançados, é iniciada terapêutica com insulina ou metformina.
Habitualmente, a diabetes gestacional desaparece após o parto. Para confirmar a sua resolução é necessário realizar a prova de tolerância à glicose, entre as seis e as oito semanas após o parto. Estas mulheres têm um maior risco de desenvolver diabetes gestacional em gravidezes futuras, que deverão ser planeadas.
Mesmo desaparecendo após a gravidez, ocorre uma deterioração da função das células beta ao longo dos anos, que, com o tempo, se pode tornar mais pronunciada e impulsionar a progressão para pré-diabetes e diabetes mellitus tipo 2. O acompanhamento médico a longo prazo é essencial, sendo que a reavaliação do estado metabólico deve ser realizada anualmente.