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20 abril 2020
Texto de Sandra Costa e Vera Pimenta Texto de Sandra Costa e Vera Pimenta Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro

Ganhar tempo para cuidar do pai

​​​​​​​António Calheiros perdia uma manhã para levantar a medicação no Hospital de São José. Na farmácia demora cinco minutos. 

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Farmácia Ribeiro Soares (Santa Iria da Azóia)

Há quase seis anos António Calheiros tornou-se cuidador informal do pai, doente oncológico, assistido no Hospital de São José. Não se arrepende da decisão. Aos 87 anos, seis depois do diagnóstico de cancro da próstata, o pai mantém a lucidez e aprecia a privacidade. «Ainda bem que ele não está num lar», diz o filho.



Semestralmente, António acompanha o pai à consulta hospitalar, altura em que levanta a medicação. Passados três meses volta ao hospital sozinho para levantar nova dose do medicamento injectável de que o pai precisa. As tomas são trimestrais. No dia 15 de Abril levantou pela primeira vez a injecção na Farmácia Ribeiro Soares, graças à legislação que, desde 19 de Março, agilizou a dispensa de medicamentos hospitalares através da farmácia comunitária. A medida, denominada Operação Luz Verde, conta com o apoio das Ordens dos Farmacêuticos e dos Médicos e visa evitar deslocações desnecessárias aos serviços de saúde e diminuir o risco de infecção dos doentes mais frágeis.

«De casa à farmácia demoro cinco minutos, foi rapidíssimo», diz António Calheiros. Para ir ao hospital perde uma manhã e tem de contratar alguém para garantir que o pai não fica sozinho. Além da idade, tem mobilidade reduzida. António ficou satisfeito com a forma como decorreu o processo. Recebeu uma mensagem explicando o novo procedimento para levantar a medicação, telefonou para o número indicado, onde depois de fornecer os dados, lhe perguntaram qual a farmácia à sua escolha. Passadas 48 horas recebeu um telefonema do farmacêutico André Soares, da Farmácia Ribeiro Soares, indicando que podia levantar a medicação. «Correu tudo lindamente», garante. No futuro espera poder continuar a usar a farmácia para levantar a medicação para o pai. «É uma vantagem muito grande. A nível económico e essencialmente de tempo». ​



O farmacêutico acredita que a dispensa de medicamentos hospitalares nas farmácias comunitárias vai manter-se no futuro. A convicção baseia-se no sucesso da dispensa de medicamentos anti-retrovíricos que já ocorre desde 2017. «O grau de satisfação por parte dos utentes é de praticamente 100%», avança. André Soares defende que, se nesta fase pandémica, a medida reduz os riscos de contágio, no futuro justifica-se pela «conveniência, comodidade e proximidade a que já habituámos os portugueses». E acrescenta: «Entre o Continente e as Ilhas são cerca de três mil portas abertas que podem satisfazer as necessidades de medicação hospitalar». 

Em menos de um mês, a Operação Luz Verde já respondeu às necessidades de mais de 5.600 doentes. Mais de 1.750 farmácias comunitárias estiveram envolvidas na dispensa de medicamentos hospitalares. A Farmácia Ribeiro Soares foi uma delas. A dispensa a António Calheiros foi uma das dez que já fez. Em termos logísticos correu sempre bem. «É um processo muito prático e cómodo, sobretudo para o utente. Sentimos que estamos a dar uma óptima resposta à população que mais precisa». O farmacêutico destaca o papel da Linha de Apoio ao Farmacêutico (LAF), não só no processo dos medicamentos hospitalares, como no apoio aos farmacêuticos sobre o COVID-19. «A LAF tem dado uma resposta irrepreensível», assegura. 



A linha de apoio telefónico criada pela Ordem dos Farmacêuticos já recebeu mais de 4750 chamadas, sobretudo de farmacêuticos comunitários, mas também de colegas da farmácia hospitalar e análises clínicas. Seis em cada dez chamadas são para dar resposta a questões relacionadas com a dispensa de medicamentos hospitalares. Na Operação Luz Verde, a LAF é o ponto de contacto central entre hospitais, farmácias, distribuidores, associações de doentes e a linha pública 1400. 

Actualmente está em contacto com 34 hospitais, de norte a sul, dos quais 26 já recorreram a esta operação, e também com oito associações de doentes, das quais seis já despoletaram o processo de dispensa de medicamentos hospitalares em farmácias comunitárias ou ao domicílio. O seu papel é de articulação, explica a farmacêutica Maria Inês Conceição, responsável da LAF pelo suporte à Operação Luz Verde. «A grande mais-valia é a capacidade que esta linha tem de potenciar soluções coordenadas entre os vários intervenientes que, acima de tudo, respondem a necessidades concretas das pessoas», resume.

 

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