Os doentes crónicos que antes da pandemia se deslocavam aos hospitais centrais para levantar a sua medicação estão a fazê-lo em casa ou numa farmácia comunitária da sua preferência. Em três semanas, beneficiaram da medida mais de cinco mil doentes com cancro, VIH/sida, esclerose múltipla e outras patologias, em Portugal continental e nas ilhas.
A iniciativa, intitulada Operação Luz Verde, resulta do esforço concertado de associações de doentes, farmácias, hospitais e distribuidores farmacêuticos, no sentido de evitar deslocações desnecessárias aos serviços de saúde e diminuir o risco de infecção dos doentes mais frágeis.
«Faz todo o sentido que, num momento em que enfrentamos uma situação de pandemia, as pessoas não sejam aconselhadas a ir ao hospital, seja para consultas seja para levantar a sua medicação», defende Ricardo Fernandes, director executivo do GAT – Grupo de Activistas em Tratamentos.
«Os farmacêuticos hospitalares e comunitários estão unidos nesta operação de salvaguarda da saúde das pessoas mais fragilizadas», explica o farmacêutico Humberto Martins, da Associação Nacional das Farmácias.
O serviço é totalmente gratuito nesta fase de pandemia, sem comparticipação dos hospitais do SNS, sendo o custo suportado pelas farmácias e pelos distribuidores farmacêuticos. A confidencialidade, as boas práticas de transporte e o aconselhamento farmacêuticos são garantidos em todo o circuito.
«É uma resposta de proximidade que se impõe, por permitir, de forma segura e respeitando as regras de sigilo e confidencialidade, que os medicamentos habitualmente cedidos em contexto de ambulatório hospitalar cheguem a casa dos doentes ou à sua farmácia», diz Rosário Zincke, presidente da Plataforma Saúde em Diálogo, que agrega 55 associações de doentes, promotores, profissionais e consumidores da saúde.
«O nosso objectivo é garantir que esta iniciativa passa a ser a norma. Fizemos um estudo no ano passado, que mostra que traz maior eficiência no tratamento, mitiga o contágio e traz maior controlo dos sintomas das patologias», defende Paulo Gonçalves, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla.
As Ordens dos Farmacêuticos e dos Médicos apoiam a iniciativa, que responde à norma conjunta da Direcção-Geral da Saúde e do Infarmed.