«Este projecto tem uma dimensão pedagógica sobre o VIH/sida. Ajuda a normalizar a doença, desmistificando-a e quebrando o estigma, além de permitir o tratamento num ambiente mais informal». As palavras são de Armando Guimarães, do Grupo de Activistas em Tratamento (GAT), durante a cerimónia de arranque do programa que permite, a partir de 1 de Dezembro, que as pessoas com VIH/sida do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ) possam escolher a farmácia onde levantar os seus medicamentos, até agora dispensados apenas nos hospitais.
Trata-se do programa Farma2Care e aplica-se, numa primeira fase, aos portadores de VIH/sida e, durante o primeiro trimestre de 2020, aos doentes com esclerose múltipla. Posteriormente, será estendido a doenças oncológicas, medicamentos para transplante renal e hemofilia.
A medida abrange os distritos de Viana do Castelo e Braga e os concelhos da Maia, Valongo e Porto. Neste momento, 101 farmácias do distrito de Braga aderiram à iniciativa. Mas a ideia é ir mais longe.
«É uma visão integrada de toda a medicação que os utentes têm de cumprir. O objectivo é que, daqui a um ano, esteja presente em todas as zonas do país», disse hoje o presidente da ANF, Paulo Cleto Duarte, durante a assinatura do projecto, em Braga, no dia em que se assinala o Dia Mundial Contra a Sida.
Uma visão partilhada pelo responsável do projecto Farma2Care no CHUSJ, Carlos Lima Alves, que sublinhou a existência de projectos similares em Lisboa e em Coimbra. «A nossa missão é melhorar a qualidade de vida dos utentes», reiterou Carlos Lima Alves.
De facto, dar maior liberdade de escolha e promover a adesão à terapêutica são os principais objectivos deste projecto, resultado de uma parceria entre o CHUSJ, a Ordem dos Farmacêuticos (OF), a Associação de Distribuidores Farmacêuticos (ADIFA) e Associação Nacional das Farmácias (ANF).
Diogo Gouveia, da ADIFA, Ana Paula Martins, da OF, e Fernando Araújo, do CHUSJ, disponibilizaram todo o «conhecimento, vontade e tecnologia» de cada uma das suas áreas para garantir o sucesso de um projecto que contará com o olhar atento do Infarmed.
«Vamos avaliar os resultados e apresentar as nossas conclusões ao Governo, logo no início do próximo ano», disse o presidente do organismo, Rui Santos Ivo, explicando que pretende «criar um modelo standard para alargar o projecto a todos os distritos».