Texto de
Susana Nobre | Pediatra, Hospital CUF Coimbra e Hospital CUF Viseu
Numa fase em que se prepara a vinda do novo elemento da família, é importante aprontar tudo o que se relaciona com a promoção da saúde e bem-estar do recém-nascido. Conhecer o papel do pediatra e como este pode ajudar a família na tomada de inúmeras decisões relativas ao bebé, bem como no esclarecimento especializado de dúvidas, é tranquilizador. A construção de um vínculo precoce com a família pode ter impacto positivo sobre as medidas de puericultura, prevenção e promoção da saúde.
A consulta pré-natal é fundamental na for- mação dos pais e na sua capacitação para os cuidados. Nesta consulta, antecipam-se riscos e problemas, preparam-se estratégias de resolução, seja para situações do quotidiano, para os cuidados no período peri-natal ou no estímulo à amamentação.
O trabalho do pediatra não reside apenas na observação do bebé após o nascimento, envolve também a família e a preparação para a chegada de um recém-nascido.
Numa sociedade em que as famílias nucleares são pouco numerosas, onde os avós, tios, primos vivem afastados, a parentalidade tem-se tornado, cada vez mais, uma missão solitária, e as dúvidas e inseguranças multiplicam-se.
O pediatra tem como missão abordar vários assuntos, como o impacto na família do nascimento da criança (alteração das rotinas, relação com irmãos, estabilidade emocional) ou a segurança do bebé (em casa, em transporte e nos cuidados). O médico assistente também esclarece os pais sobre as melhores práticas nos cuidados com o recém-nascido como a limpeza do coto umbilical, o banho e outras medidas de higiene, além de informar sobre várias temáticas importantes no período perinatal: perda de peso fisiológica na primeira semana de vida e ganho ponderal adequado, aleitamento, sono do bebé, posição adequada para dormir, cólicas, refluxo ou uso de chupeta. Com a experiência adquirida, pode ainda ajudar na gestão da aquisição de produtos para o bebé e no planeamento da ida para a maternidade.
É muito importante que o pediatra conheça os antecedentes familiares, a vigilância da atual gestação e eventuais intercorrências. Antes de o bebé nascer, o médico deve ter em conta situações particulares como a gemelaridade (gémeos), risco de prematuridade, doenças maternas ou intercorrentes, doenças transmissíveis ou alterações ecográficas, de modo a esclarecer, apoiar e envolver a família em cuidados particulares que possam vir a ser necessários.
À medida que se aproxima a data provável do parto, o foco dos pais passa a ser esse momento. O pediatra pode ajudar a tranquilizar a abordagem aos diferentes tipos de parto e as suas implicações, esclarecer sobre o momento do nascimento, a clampagem do cordão umbilical e a criopreservação das células estaminais, bem como a assistência pediátrica na sala de partos e os primeiros cuidados efetuados ao recém-nascido, nomeadamente o exame físico, a pesagem, as vacinas, as profilaxias e os rastreios neonatais.
A consulta pré-natal, que se deve realizar entre as 32 e as 36 semanas de gestação, é o espaço ideal para a família colocar outras questões e esclarecer dúvidas de forma especializada.