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28 setembro 2023

O choro do bebé

​​​​​A cólica infantil é um desafio superável com carinho, e o apoio de profissionais de saúde quando necessário.​

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Texto de Cristina Ferreira | Pediatra, Centro da Criança e do Adolescente do Hospital CUF Porto 

O choro do bebé angustia pais e cuidadores. É muito comum surgirem dúvidas, como: «É normal o meu bebé chorar assim? Como posso acalmá-lo? Estará doente?». Até aos três meses, os lactentes choram mais do que em qualquer outra fase da vida. Pode ser por fome ou excesso de comida, por não terem dormido o suficiente, estarem desconfortáveis com a fralda, demasiados estímulos, ruído, temperatura ambiente quente ou fria. Estas situações são facilmente reconhecíveis e, se devidamente resolvidas, acalmam o bebé.

Mas se apresentar qualquer sintoma e chorar vigorosamente, principalmente ao final do dia, então pode estar com cólicas. A regra dos três ajuda a identificar a cólica infantil: acontece entre as três semanas e os três meses de vida; dura pelo menos três horas por dia, três dias por semana durante cerca de três semanas. É uma situação benigna e autolimitada.

Estamos normalmente perante bebés saudáveis que ao final do dia apresentam, sem motivo aparente, choro persistente, mais intenso, de timbre mais alto do que o normal, e difícil de consolar. Os bebés ficam tensos, contraídos, parecem ter dores e o choro acaba por cessar de forma súbita.

O que fazer para acalmar o bebé com cólicas?
Há várias formas de intervir que devem ser discutidas com o médico assistente e avaliadas de forma individual. A ajuda e o suporte aos pais são fundamentais e consistem em informar o que é a cólica, explicar o seu carácter benigno e o tempo razoável de duração, que deve passar aos três meses de idade. Deve ser reforçado que o bebé não está doente, o choro não se deve a algum erro dos pais e muito menos se deve aos pais estarem a falhar. Uma das abordagens relevantes é encorajar o descanso dos pais, sendo aconselhável criar turnos para cuidar do bebé, e solicitar o apoio a familiares e amigos no sen​tido de evitar exaustão, frustração e sentimentos de impotência, que podem conduzir a situações de traumatismo para o bebé, nomeadamente o bebé “abanado”.

É importante rever a técnica de alimentação com o médico e a enfermeira assistentes, no sentido de diminuir a ingestão de ar e avaliar os hábitos intestinais do bebé. Caso seja necessário, pode-se promover a evacuação através de estímulo. Os suplementos não devem ser administrados sem indicação médica.

As técnicas para acalmar são várias e podem ser tentadas isoladamente ou em combinação. Salienta-se o uso de chupeta, mudar o bebé para um local com menos luz e ruído, colocá-lo em contacto pele com pele com o peito do cuidador. Outras medidas incluem andar de carro, colocar som ambiente que imite batimentos cardíacos, o ruído do aspirador ou exaustor, ou mesmo aplicações para telemóvel com essas caraterísticas. É importante afastar o bebé de fontes de som e ter atenção ao volume.

Estas técnicas, embora não tenham dado provas inequívocas de eficácia, são inócuas, não dispendiosas e recomendadas por especialistas, podendo ajudar na redução da ansiedade do bebé e dos cuidadores.
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