Carla David e Cláudia Fernandes | Pediatras neonatologistas, Centro da Criança e do Adolescente do Hospital CUF Descobertas; Conselheiras de amamentação e formadoras em aleitamento materno (UNICEF)
O leite materno é o alimento mais completo e adequado para o bebé. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda-o, em exclusivo, até aos seis meses e a manutenção, em complemento com outros alimentos, até aos dois anos ou mais, conforme a vontade do bebé e da família.
O valor nutricional e imunológico não é comparável a outros leites, nem o seu papel no neuro- desenvolvimento cognitivo e emocional do bebé.
Apesar de ser um processo natural, o aleitamento materno pode suscitar dúvidas, que importa esclarecer:
1. EXCLUSIVO OU MISTO?
Os benefícios são maiores se for em exclusivo, no máximo de tempo possível, idealmente até aos seis meses. Entre as vantagens conhecidas destacam-se a prevenção de infeções, alergias e de alguns tipos de neoplasias. Promove também o melhor desenvolvimento intelectual.
2. OFERECER UMA OU DUAS MAMAS?
Nos primeiros dias após o parto, a mama necessita de ser estimulada para aumentar a produção de leite. Quanto maior for a estimulação, com a adaptação frequente do bebé à mama, melhor será a qualidade da produção. Portanto, é sempre útil deixar o bebé mamar das duas mamas na mesma refeição.
Após a ‘subida’ de leite, no final da refeição o leite tem maior quantidade de gordura, pelo que uma das mamas deverá ser totalmente esvaziada até deixar de estar tensa. Pode oferecer-se a outra mama na mesma refeição, sem problema! Deverá alternar-se a mama pela qual se inicia a refeição.
3. QUANTO TEMPO E COM QUE FREQUÊNCIA DEVEM SER AS MAMADAS?
A duração e frequência das mamadas deve ser estipulada pelo bebé, de acordo com as suas necessidades. A isto chama-se a amamentação em livre demanda. Desta forma, a amamentação irá estabelecer-se com mais facilidade, o ganho ponderal será maior, bem como a duração do aleitamento materno.
4. O QUE É UMA PEGA CORRETA?
Para uma pega correta, o bebé deve abocanhar mais a auréola acima da sua boca do que abaixo (não apenas o mamilo). A boca do bebé deve estar bem aberta, o lábio inferior virado para fora e o queixo a tocar na mama. Para que isto ocorra facilmente, o corpo do bebé deverá estar alinhado e voltado para a mãe.
5. O QUE FAZER EM INGURGITAMENTO
O fundamental na gestão do ingurgitamento mamário é promover a extração frequente e eficaz do leite materno. As mães devem amamentar, pelo menos, oito a 12 vezes por dia, com um intervalo entre refeições não superior a três horas. Se a amamentação não for possível, recomenda-se a extração frequente, oito a 12 vezes por dia. Colocar compressas mornas na mama, antes de amamentar, pode ajudar a estimular o fluxo de leite. Para alívio da dor, após a extração/alimentação, podem colocar-se compressas frias.
Em caso de dúvidas, aconselhe-se com um consultor em aleitamento materno ou especialista em amamentação.