Nos últimos anos, as farmácias comunitárias têm demonstrado uma extraordinária capa- cidade de adaptação, organização e mobilização para dar resposta aos desafios lançados pelo Governo. Um exemplo notável dessa eficiência foi a recente campanha de vacinação, que contou com a participação massiva de mais de 2.500 farmácias, permitindo que Portugal alcançasse os mais altos índices de cobertura vacinal na Europa. A satisfação dos utentes, que preferiram recorrer às farmácias para se vacinarem, foi excecionalmente elevada. Este sucesso é um claro win-win, em que Portugal e os portugueses saíram amplamente beneficiados.
Outro exemplo de dinamismo é o projeto de intervenção em situações clínicas ligeiras, iniciado pelas farmácias antes mesmo da publicação do Orçamento do Estado para 2024, em que uma das alíneas contempla este tema. Este projeto, que apoia o modelo de farmácia defendido pela Associação Nacional das Farmácias, visa criar uma farmácia mais clínica, integrada e multidisciplinar. Com mais de 5.000 farmacêuticos comunitários já capacitados para abordar 11 situações clínicas ligeiras, o objetivo é reduzir as idas desnecessárias às urgências e aliviar a pressão sobre os cuidados de saúde primários. Mais uma vez, temos um claro win-win para Portugal e para os portugueses.
Diariamente, mais de 500.000 pessoas entram nas farmácias comunitárias, tornando-as a maior porta de acesso ao sistema de saúde. Esta forte capilaridade, com distribuição geográfica por todo o país, garante um acesso aos serviços de saúde igual para todos os cidadãos. Contudo, é imperativo que as farmácias localizadas em zonas com baixa densidade populacional sejam apoiadas para que seja possível manter este nível de acesso ao medicamento. Só assim o Estado poderá oferecer um serviço igual para todos os portugueses.
Com a apresentação do Livro Branco das Farmácias Portuguesas na Assembleia da República, em novembro de 2023, aplaudido por todos os partidos políticos, traçamos um conjunto de propostas concretas para o futuro das farmácias. A elaboração deste documento dinâmico foi possível graças à colaboração das farmácias, dos colaboradores da ANF e de outros stakeholders do ecossistema da Saúde, e permitirá responder eficazmente às necessidades do setor da Saúde, e consequentemente, da população.
Um exemplo da evolução das farmácias é a renovação da terapêutica, que veio permitir ao farmacêutico, durante os 12 meses de validade da prescrição do utente, dispensar medicação para dois meses sem que este precise de se deslocar ao centro de saúde. Este serviço, mais um win-win, visa evoluir para um modelo de contratualização entre o SNS e as farmácias, promovendo o acompanhamento farmacêutico na gestão da doença crónica, com intervenções protocoladas e referenciação médica.
Por fim, mas não menos importante, o Programa abem:, de cariz social, que apoia famílias com dificuldades financeiras na compra de medicamentos. O fundo é alimentado por campanhas realizadas nas farmácias, pelas próprias farmácias e pelos municípios aderentes.
Em conclusão, para cada problema, a farmácia tem uma solução. Precisamos que o poder político seja um parceiro nestas iniciativas onde todos ganhamos. As farmácias possuem o dinamismo, a organização e a capacidade para serem parte da solução. Contem com as farmácias. Enquanto houver pessoas, haverá sempre uma farmácia!