“Orquestra, conjunto alargado e organizado de músicos que tocam uma variedade de instrumentos musicais, geralmente dirigidos por um maestro e com mais de um executante por grupo de instrumentos”. É assim que vejo os últimos dois anos, quando penso no apoio dado por todos os operadores da Saúde ao Serviço Nacional de Saúde (SNS). A determinada altura, o SNS, que já tinha mostrado dificuldade em dar resposta, viu-se obrigado a recorrer aos parceiros do setor privado e social.
Fazendo a respetiva analogia com o maestro, ao formular um apelo nacional, as farmácias responderam da forma mais profissional e eficaz, levando a bom porto as pretensões do Governo.
Os parceiros sociais, tal como municípios, juntas de freguesia, escolas e associações, também estiveram presentes na resposta a este apelo e desempenharam um importantíssimo papel no combate à pandemia. Entre os milhares de testes realizados, cada caso positivo detetado foi uma cadeia de transmissão quebrada. E quando todos estamos envolvidos e empenhados, os bons resultados aparecem.
É de louvar o esforço das farmácias que estiveram sempre na linha da frente, sem nunca descurar a formação das suas equipas para que o serviço farmacêutico fosse prestado com o elevado nível de profissionalismo, ética e competência a que desde sempre habituámos os nossos utentes.
Há muito trabalho que não se vê, como é o caso da comunicação dos resultados à plataforma SINAVE, essencial para a realização dos estudos epidemiológicos, acompanhamento da doença e apoio na decisão política relativamente à abertura da economia.
Também foi neste período que se conseguiu o maior contingente de sempre na vacinação contra a gripe. Mais uma vez, as farmácias foram chamadas e disseram "presente"!
Conjugámos esforços com os centros de saúde e levámos a cabo, com o apoio das autarquias, a campanha de imunização contra a COVID-19 e a gripe.
Várias empresas realizaram protocolos com as farmácias para vacinarem os seus colaboradores e, de uma forma preventiva, evitarem a doença e o absentismo laboral.
Assistiu-se a uma união nacional em prol da saúde pública.
Mas a nossa atuação não se encerra aqui. Queremos que nos sejam dadas ferramentas para que possamos implementar na nossa rede de farmácias outros serviços complementares aos cuidados de saúde primários, e deixamos alguns exemplos do que já se faz noutros países.
O serviço de monitorização da hipertensão contratualizado em Inglaterra é já uma realidade. Em França, o serviço de prescrição e administração das vacinas do programa de vacinação oficial é realizado nas farmácias comunitárias. O serviço de vacinação contra a COVID-19, contratualizado e remunerado pelo Estado, está presente em vários países, como Luxemburgo, Reino Unido, Itália, Bélgica e Grécia.
Quem melhor do que o recém-eleito bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Helder Mota Filipe, para nos falar da importância dos farmacêuticos comunitários na sociedade? A implementação de novos serviços nas farmácias será, na sua ótica, um excelente pretexto para a Ordem dos Farmacêuticos desenvolver a carreira, a necessidade de criação de novas competências formais e a diferenciação por especialidade.
Assim como o nosso bastonário, também eu sou uma otimista realista, e tenho a certeza de que com uma boa comunicação entre todos os profissionais de saúde e vontade política, iremos alcançar ganhos em saúde e poupanças ao SNS.
Basta afinar os instrumentos, porque a orquestra está pronta para tocar na perfeição.