O nosso futuro é vivenciado e frequentemente determinado por um passado que poucos de nós reconhecemos ou entendemos plenamente. Esta era a convicção de Herbert Marshall McLuhan (1911–1980), um destacado educador, intelectual, filósofo e teórico da comunicação, nascido no Canadá, e que ficou conhecido por prever a Internet quase trinta anos antes de ser inventada.
Nas palavras de McLuhan: «Quando confrontados com uma situação totalmente nova, tendemos sempre a apegar-nos aos objetos, ao sabor do passado mais recente. Olhamos para o presente através de um espelho retrovisor. Marchamos para trás em direção ao futuro».
De facto, todos nós reconhecemos que muitos dos produtos e serviços disponibilizados já não respondem às necessidades, preferências e expetativas atuais das pessoas, mas não sabemos como corrigir esse desalinhamento. Em muitos casos, fazer algo requer uma mudança substancial, o que é sempre difícil, e frequentemente com resultados desconhecidos, o que é ainda mais angustiante. Assim, muitas empresas preferem manter as práticas antigas, ao invés de encontrar novas maneiras de fazer as coisas. É o que muitos especialistas apontam ao Serviço Nacional de Saúde, e à gestão da saúde dos portugueses em geral.
Nas farmácias, estamos a acompanhar, à mesma velocidade, a evolução das pessoas a quem prestamos serviços, e todas as oportunidades que a tecnologia e outras ferramentas à nossa disposição nos trazem?
É a esta pergunta que pretendemos dar resposta no processo de construção de um Livro Branco para o setor, a que nos vamos dedicar nos próximos meses, e para o qual convido todas as farmácias a contribuir. Este Livro, e o método conducente à sua definição, pretendem apoiar o desenvolvimento da estratégia das farmácias portuguesas enquanto pilar de referência na prestação de cuidados de saúde, e influenciar o ecossistema de saúde em Portugal, na transição para um paradigma que concretiza a relevância das farmácias na disponibilização de serviços de valor acrescentado às pessoas, de forma integrada com as restantes respostas.
Não é nossa intenção escrever apenas um documento de visão do futuro. Pretendemos que as ações nele descritas sejam pragmáticas, tangíveis e alcançáveis. A Associação Nacional das Farmácias está firmemente empenhada em garantir que as equipas das farmácias exerçam na abrangência máxima das suas competências, de forma a otimizar a efetividade e segurança das terapêuticas, e que a sua remuneração reflita adequadamente o contributo que dão para os resultados em saúde.
É nosso objetivo apresentar uma versão preliminar do Livro Branco no 14.º Congresso das Farmácias, que se realiza nos dias 9, 10 e 11 de fevereiro de 2023, em conjunto com a Expofarma, no Centro de Congressos de Lisboa. Nesta ocasião, teremos oportunidade de aprofundar os vários temas, e co-construir a nossa visão, e o caminho individual e coletivo que vamos percorrer para lá chegar.
Honraremos o nosso passado, mas encaramos o amanhã de frente, com confiança, otimismo e determinação. Em direção ao futuro, caminharemos juntos.