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31 julho 2020
Texto de Sandra Costa Texto de Sandra Costa Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro Vídeo de Nuno Santos Vídeo de Nuno Santos

Uma mata cheia de história

​​​​​​O privilégio de perder-se numa mata mágica, onde até é possível pernoitar.

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Visitar os 105 hectares da Mata do Bussaco é encontrar uma grande variedade de actividades. Caminhar pelos trilhos na natureza e descobrir a floresta primitiva, feita de árvores de troncos retorcidos que lembram uma floresta mágica, sobretudo na zona da Cruz Alta. Percorrer a Via Sacra, recriada pelos frades Carmelitas Descalços em 1644, à escala da original, em Jerusalém. A Via Sacra da serra do Bussaco inclui 20 passos (seis da prisão e 14 da paixão de Cristo), com esculturas de terracota da autoria de Costa Mota Sobrinho, datadas de 1939. «Para quem gosta de conjugar a beleza arquitectónica com a beleza natural, o ideal é o trilho da Via Sacra e o trilho da floresta relíquia», sugere Sofia Ferreira, dos Serviços Educativos da Fundação Mata do Bussaco. 

O ramo da Ordem dos Carmelitas Descalços que chegou à serra do Bussaco, em 1628, veio de Batuecas, na província de Salamanca (Espanha), atraído pelo isolamento, a natureza e as muitas nascentes de água, fonte de vida. Os frades começaram por construir o convento de Santa Cruz e a cerca para isolar a mata do resto do mundo. A única entrada fazia-se pelas Portas de Coimbra, que têm grande simbologia. Ali se encontram duas bulas papais, de Gregório XV e Urbano VIII. Uma ditava a obrigação dos Carmelitas Descalços de cuidar da natureza e proibia o corte de árvores sem autorização, sob pena de excomunhão. «Foi uma das primeiras leis ambientalistas escritas», nota Sofia Ferreira. A segunda ameaçava com igual castigo as mulheres que se atrevessem a entrar na mata, «para não tentar os monges». As Portas de Coimbra estão ricamente decoradas com pedras brancas e pretas, representando temas ligados à Natureza. A esta técnica dá-se o nome de embrechados. Também no convento se encontra este tipo de decoração, nas portas, na frente do convento e no brasão da Ordem dos Carmelitas Descalços que está patente na portaria. A cortiça, material isolante, pobre e abundante à época, é amplamente usada. 

Com a extinção das ordens religiosas em Portugal, em 1834, os Carmelitas Descalços passaram a ocupar a mata na condição de arrendatários, até 1860, data em que morre o último frade. Seguem-se 20 anos de remodelação e embelezamento da mata, para receber a burguesia e a corte que vinha passar temporadas no Bussaco Palace Hotel, cuja construção é iniciada em 1888.

É a transformação de uma mata austera numa mata romântica, que em muito faz lembrar Sintra. «É nesta altura que surgem os jardins, o vale dos fetos e dos abetos, os lagos, o embelezamento das fontes dispersas pela mata», explica a bióloga Sofia Ferreira, visivelmente apaixonada pela beleza que a rodeia. 

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