A construção do Palace Hotel do Bussaco nasceu da vontade de Dona Maria Pia de ter um palácio real no Bussaco, inicialmente pensado nas Portas de Coimbra. Face à recusa do ministro Emídio Navarro, justificada pela insuficiência de fundos, «optou-se pela construção de um “hotel do povo”, destinado a albergar a corte e a burguesia», explica Sofia Ferreira, dos Serviços Educativos da Fundação Mata do Bussaco. O local de construção escolhido foi a zona do convento, o que implicou a sua destruição. Do convento original restam hoje a igreja, algumas capelas e o claustro.
A construção do Palace Hotel do Bussaco decorreu de 1888 até 1907, pela mão do arquitecto italiano Luigi Manini, cenógrafo do Teatro Nacional de São Carlos e responsável pela Quinta da Regaleira, em Sintra. A pedido do rei D. Carlos, foi feito um pavilhão real, a que se deu o nome de Casa dos Brasões. O Palace Hotel foi a última construção a ser edificada para os reis de Portugal. Aqui pernoitou D. Manuel II, em 1910, quando veio inaugurar o Museu Militar do Bussaco. Poucos dias depois seria implantada a República e o rei obrigado ao exílio.
Em 1917, Alexandre Almeida, natural da zona do Luso, tomou conta do Palace do Bussaco como unidade hoteleira. «O Palace Hotel do Bussaco é um postal da zona Centro de Portugal. Foi o primeiro hotel do grupo e ainda hoje pertence à mesma família. Já estamos na terceira geração», explica o director, Leandro Santos. O hotel continua a ser destino de eleição para governantes e turistas de várias nacionalidades. Ali pernoitaram Mário Soares, Cavaco Silva, Ramalho Eanes, José Maria Aznar e o actual imperador do Japão, Naruhito. O hotel é regularmente escolhido como cenário cinematográfico e «dizem que Agatha Christie passava longas temporadas e aqui terá escrito “Um Crime no Expresso do Oriente”», conta Leandro Santos.
O edifício, em estilo neomanuelino, está decorado com painéis de azulejos da autoria de Jorge Colaço, frescos de João Vaz e quadros que fazem homenagem aos Descobrimentos portugueses. No interior destaca-se o imponente vitral central sob a escadaria. A maioria do mobiliário faz parte do espólio de Alexandre de Almeida, além de peças representativas de outras culturas, propriedade de museus nacionais. São 62 quartos, onde se incluem a suite do rei e a suite da rainha. Famoso é também o restaurante, onde prevalece «a cozinha tradicional portuguesa, com toques de modernidade», e a garrafeira. O Palace do Bussaco tem produção própria desde 1920, que se destina quase toda ao consumo interno nos Hotéis Alexandre de Almeida.
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