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29 dezembro 2022
Texto de Sandra Costa Texto de Sandra Costa Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro Vídeo de Nuno Santos Vídeo de Nuno Santos

Um bordado com muita história

​​​​​​​É provável que haja um dedo inglês na arte que distingue Castelo Branco. 

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A história dos bordados de Castelo Branco está, provavelmente, ligada a Inglaterra. Estranho? Ainda que por provar, a teoria defendida pela investigadora Ana Pires faz sentido. É consensualmente aceite a origem asiática dos delicados e coloridos bordados a fio de seda sobre pano de linho, evocando motivos naturais, como pássaros e flores. Ora, é possível que o bordado tenha chegado a Castelo Branco através dos intercâmbios comerciais entre os ingleses e a Beira Baixa, região tradicionalmente produtora de lã. «Ao virem comprar aqui a lã, os ingleses poderiam trazer produtos, como panos estampados, da India e China», avança Fernando Manuel Raposo, assessor da área de Cultura e Educação do município. 


No Centro de Interpretação encontram-se exemplares de painéis e colchas, teares tradicionais e a história do ciclo de produção das matérias-primas

Os famosos bordados, certificados desde 2018 e símbolos da cidade, continuam a ser muito apreciados pelos britânicos. A rainha Isabel II foi presenteada com uma colcha, a catedral de Manchester, em Inglaterra, está decorada com painéis que representam as estações do ano. É provável que haja «mais colchas em Inglaterra do que em Portugal», sugere uma das bordadeiras da Oficina-Escola de Bordado de Castelo Branco. 

 ​Na Praça de Camões, encontramos o Centro de Interpretação e a Oficina-Escola de Bordado de Castelo Branco

Os ingleses estão entre os maiores compradores desta arte dispendiosa, porque muito trabalhosa, devido à minúcia extrema dos pontos. «Uma colcha pode demorar seis meses a ser terminada, com seis pessoas a trabalhar nela diariamente», explica Lurdes Batista, bordadeira há 34 anos. Há colchas que custam milhares de euros. O município, o principal impulsionador desta arte, tem procurado estratégias para tornar o bordado de Castelo Branco acessível à maioria das pessoas. A diversificação de suportes é uma solução e, além de colchas e painéis, já é possível encontrar este bordado noutros suportes, desde vestuário a pins.  


Os temas do bordado de Castelo Branco há muito saltaram dos têxteis para se espalharem por loiça Vista Alegre, azulejos dos prédios e até pela calçada da cidade​

No Centro de Interpretação contíguo à oficina encontram-se exemplares antigos e modernos de painéis e colchas, teares tradicionais e a história do ciclo de produção das matérias-primas. Também há peças de vestuário da autoria de designers de moda portugueses, estudantes e jovens licenciados em design de moda, na sequência do concurso lançado pelo município para trazer inovação a esta arte tradicional. Outro projeto é a formação de novas bordadeiras, para garantir que o bordado de Castelo Branco perdura no tempo. 


 
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