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29 dezembro 2022
Texto de Sandra Costa Texto de Sandra Costa Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro Vídeo de Nuno Santos Vídeo de Nuno Santos

Apadrinhe um animal

​​​​​​​​Em Castelo Branco, a Quercus resgata 400 animais feridos por ano. Apoie este projeto.

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No amplo espaço da Escola Agrária de Castelo Branco existe um conjunto de pequenas casas antigas, onde se lê, a tinta azul: CERAS – 1999-2019. Ao lado, a pintura tosca de uma águia. O Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens (CERAS), um dos três que a Quercus tem no país, começou por receber 30 animais feridos por ano, hoje são cerca de 400. Chegam aqui animais de 80 espécies, algumas em risco de extinção, sobretudo aves, mas também mamíferos e repteis. Alguns ferimentos são causados por quedas de ninhos, a maioria resulta da mão humana: animais atropelados, envenenados, atingidos a tiro, eletrocutados em postes de alta tensão ou afetados pela destruição dos habitats.


Samuel Infante, ornitólogo e coordenador do Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens (CERAS)

Por vezes, a equipa da Quercus reúne-se para libertar um animal resgatado. É o «momento alto» para todos os que ali trabalham, garante Samuel Infante, ornitólogo e coordenador do centro. Naquele dia, uma jovem águia de asa redonda regressou à liberdade. Chegou há dois meses muito debilitada, desidratada, magra, com uma escoriação na quilha e muitos parasitas externos. «Teria morridos sem cuidados», a veterinária Mariana Ribeiro não tem dúvidas. 

Depois da recuperação física, foi alimentada com ratinhos vivos, para treinar as capacidades de caça, e colocada numa gaiola circular, que permite o voo contínuo. Após a alta médica, a equipa prepara a libertação. Quando duas voluntárias a apanham, com a ajuda de um cobertor, o animal permanece imóvel: fingir-se morta é uma estratégia de sobrevivência. Na enfermaria tiram-lhe sangue para um projeto de investigação e colocam-lhe uma anilha para identificação. Os animais de espécies mais ameaçadas, como a águia imperial ibérica, são marcados com transmissores. Em campo aberto, a equipa regista o momento em que a jovem águia escapa dos seus braços para regressar ao habitat natural. Há comoção em cada olhar. 


Os animais resgatados que não podem regressar ao habitat natural ajudam no acolhimento das aves da mesma espécie

A jovem águia é um dos seis em cada dez animais resgatados que regressam ao habitat natural. Alguns sobrevivem, com lesões, e tornam-se uma espécie de mascotes. A cegonha Ofélia e o abutre Aloé, nas suas respetivas gaiolas, prestam um papel importante no acolhimento das aves da mesma espécie, ajudando os recém-chegados a acalmar-se. Até os que não sobrevivem contribuem para a preservação da vida selvagem, ao serem incluídos nos projetos de investigação e programas de monitorização de doenças em que a Quercus está envolvida. 

Os voluntários são «a alma e a força motriz do CERAS», conta Samuel Infante. São cerca de 50, entre os oito e os 80 anos, de diferentes áreas de formação. Cada um dedica o tempo que pode. Também chegam aqui estagiários das áreas da veterinária e biologia, de universidades portuguesas e estrangeiras, satisfeitos pela oportunidade de trabalhar com espécies selvagens. Mariana veio do Porto há ano e meio para trabalhar como voluntária. Sente-se gratificada. «Trabalhamos muito, aprendemos muito. É um trabalho de sonho». 


Aqui chegam 400 animais feridos por ano, a marioria dos ferimentos resulta da mão humana

Como ajudar o CERAS?
  • Se encontrar um animal selvagem ferido ligue para a linha SOS Ambiente: 808 200 520. ​
  • Fazer voluntariado, contribuir com um donativo ou apadrinhar um animal são outras formas de ajudar. Os padrinhos acompanham o processo de recuperação do animal e são convidados a assistir ao momento da libertação. 
 
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