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30 junho 2022
Texto de Jaime Pina (médico, Fundação Portuguesa do Pulmão) Texto de Jaime Pina (médico, Fundação Portuguesa do Pulmão)

Testar, testar, testar

​​​​​​Como saber se é alérgico e a quê.​

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A doença alérgica é cada vez mais frequente, talvez porque se tenha perdido o contacto com a natureza e aumentado a presença de produtos artificiais ingeridos através dos alimentos, ou inalados.

As alergias podem expressar-se de forma muito variável, às vezes de forma atípica, e mudar ao longo do tempo. Prestar atenção aos sinais, ser capaz de as identificar e ter a possibilidade de as tratar é o caminho para manter qualidade de vida.

A primeira pista. As suspeitas começam em família. Está comprovada a influência da com- ponente hereditária. Na doença alérgica foram identificados numerosos genes e é, por isso, frequente a pessoa com alergia ter familiares com alergias.
 
A segunda pista prende-se com a chamada marcha alérgica, que normalmente segue um caminho: eczema, alergias alimentares, alergias sazonais e asma.

O eczema surge nos primeiros anos de vida e afeta, sobretudo, o pescoço, as dobras anteriores dos cotovelos e as posteriores dos joelhos. Nos casos mais graves, pode ser generalizado.

As alergias alimentares podem manifestar-se de várias formas: atraso no desenvolvimento físico, sintomas gastrointestinais ou reações da pele: dermatite ou urticária. Os alimentos mais comuns na manifestação de alergias são o leite de vaca, o ovo, a soja e o trigo, mas qualquer outro alimento pode estar em causa, sobretudo alguns frutos, como o morango, a laranja, o pêssego ou os frutos secos.

Na etapa seguinte, surgem as manifestações alérgicas das mucosas, sobretudo a nasal e a ocular, com episódios inflamatórios do nariz (rinite) ou do olho (conjuntivite), muitas vezes relacionados com as estações do ano. Os principais fatores implicados são os ácaros do pó da casa, os pólenes, os epitélios dos animais e os bolores.

A doença com maior expressão, e comumente reconhecida como alérgica, é a asma brônquica, caracterizada por crises de dificuldade respiratória.

Em todas a situações, o mais importante é fazer-se um diagnóstico precoce para rapidamente se recorrer às ferramentas certas. São várias e referem-se apenas as mais frequentes: a mais simples é a deteção no sangue de níveis elevados de eosinófilos ou da proteína catiónica dos eosinófilos.

Num nível superior de diagnóstico, é preciso comprovar a existência de uma outra proteína, habitualmente muito elevada no sangue dos doentes alérgicos: a IgE total. É um indicador de alergia, mas não identifica a quê. Para isso, é necessário procurar a existência de IgE específicas para os alergénios suspeitos, através de exames para um conjunto muito abrangente de substâncias.

A informação é completada com testes cutâneos de alergia, em que se introduz na pele, através de uma micropicada, os alérgenos a investigar. Quando o resultado é positivo, surge uma erupção (pápula) à substância inoculada.
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