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3 março 2022
Texto de Jaime Pina (médico, Fundação Portuguesa do Pulmão) Texto de Jaime Pina (médico, Fundação Portuguesa do Pulmão)

Doenças da primavera

​Como passar sem o desconforto das alergias respiratórias.​

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As doenças do aparelho respiratório estão muito relacionadas com as estações do ano. Apesar da presença constante da COVID-19, as infeções respiratórias invernais (amigdalites e faringites virais, sinusites, bronquites, pneumonias e gripe) permaneceram entre nós, como sempre. A elas irão seguir-se as doenças alérgicas.

De repente, chega a primavera e com ela começa o inferno para muitos doentes. Para os que sofrem de conjuntivite alérgica, os olhos inflamam-se: ficam vermelhos, lacrimejantes e dão comichão.

Para aqueles em que o nariz é o órgão de choque, o “pingo” alterna com a obstrução nasal. A comichão, as crises de espirros e a garganta inflamada infernizam o dia-a-dia. É a rinite alérgica a interferir com a qualidade de vida.

O pior está reservado para quem sofre de asma brônquica: tosse seca e persistente quase sempre indicia um episódio de dificuldade respiratória com pieira, que se pode revelar perigoso. Esta condição exige uma atuação imediata, com o risco de o doente ter de recorrer a um ser- viço de urgência hospitalar para ser socorrido. No último ano, em Portugal, faleceram aproximadamente 150 pessoas devido a crises de asma.

A culpa de tudo isto é das condições ambientais da primavera. O aumento da temperatura, do número de horas de sol, e do vento, promovem uma maior concentração e dispersão no ar dos principais alergénios responsáveis pelas doenças alérgicas. Os ácaros do pó da casa, epitélios de animais, fungos e, sobretudo, os pólenes. Os primeiros estão no interior das habitações, os últimos no exterior.

Atualmente, o controlo total das doenças respiratórias alérgicas é possível e assenta em três pilares: o diagnóstico da alergia, a prevenção e o tratamento medicamentoso.

Quanto ao diagnóstico, ele é indispensável para que se possa atuar corretamente. Através de um conjunto simples de exames, conseguimos saber com precisão quais as alergias de que o doente sofre. Só a partir de então se pode delinear com exatidão a prevenção. Esta consiste, sobretudo, num conjunto de medidas e de comportamentos que o doente deve conhecer e que visam reduzir o contacto com os alergénios e minorar os seus impactos.

Quanto ao tratamento, existe uma larga panóplia de ferramentas terapêuticas que, quando bem implementadas, permitem o controlo completo das crises alérgicas. Entre as mais importantes estão os medicamentos anti-histamínicos, os corticoides e broncodilatadores inalados, as vacinas antialérgicas e, mais recentemente, para as formas de asma grave, uma nova classe de medicamentos: os anticorpos monoclonais.

As medidas preventivas, os procedimentos de manutenção e os tratamentos das crises devem estar automatizados pelos doentes alérgicos, e isso exige outro tipo de intervenção muito importante: o ensino e a educação do doente.

Todos estes cuidados permitirão que o doente alérgico passe sem grandes sobressaltos por esta estação do ano, tão bonita, tão estimulante e tão saudável, mas para ele tão difícil.
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