Nos centros de saúde em Portugal, a consulta de Planeamento Familiar (PF) é dirigida às mulheres em idade fértil até que completem 54 anos, bem como aos homens, durante todo o seu período fértil, sem limite superior de idade. Apesar de se destinar a ambos os sexos, de forma individual ou em casal, é inquestionável que são as mulheres quem mais recorre aos serviços de saúde para uma consulta de PF, em grande parte por questões reprodutivas. Trata-se de uma consulta completamente gratuita.
Portugal apresenta excelentes indicadores em saúde materno-infantil e reprodutiva, com melhorias crescentes nas últimas décadas. Estes números em muito se devem às consultas de PF. Teme-se que o facto de a pandemia ter condicionado o cancelamento destas consultas possa resultar na inversão da tendência positiva.
Saiba que, numa consulta de Planeamento Familiar, o seu médico assistente aborda temas como a disponibilização de métodos contracetivos, de forma gratuita, pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), garante o acesso a contraceção de emergência, bem como a orientação em caso de desejo de interrupção voluntária da gravidez.
Segundo um estudo da Sociedade Portuguesa de Ginecologia e da Sociedade Portuguesa de Contraceção, mais de 90% das mulheres em estudo, com idades compreendidas entre os 15 e os 49 anos, usava um método contracetivo, o que demonstra a importância da consulta de PF para que os diferentes métodos possam ser explicados e recomendados de forma personalizada.
As consultas de preconceção estão igualmente englobadas, além das intervenções de promoção da saúde e prevenção de comportamentos de risco, tentando reduzir a incidência de infeções sexualmente transmissíveis. É facultada informação, ajuda, prevenção, diagnóstico e o tratamento de doenças como a hepatite B, a sífilis, o herpes genital e as infeções causadas pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH).
A infertilidade é abordada nas consultas de PF e, se houver necessidade de acompanhamento em consultas específicas, será através de uma consulta de PF no centro de saúde que se inicia todo o processo.
Somam-se os procedimentos de rastreio de doenças oncológicas como o do Rastreio do Cancro do Colo do Útero (RCCU). No nosso país, segundo o Despacho n.º 8254/2017, o programa de RCCU destina-se às mulheres com idades ≥25 anos e ≤60 anos, que tenham iniciado a sua atividade sexual. A importância deste rastreio é inegável, quando o cancro do colo do útero se apresenta, em Portugal, como o segundo cancro mais frequente na mulher. Anualmente, surgem cerca de mil novos casos, causando aproximadamente 350 mortes. O exame consiste na recolha e análise das células do colo do útero e na pesquisa do Vírus do Papiloma Humano (HPV), através de uma colheita conhecida como papanicolau (citologia). Aquando de um resultado normal, o exame deve ser repetido a cada cinco anos.
Faça a marcação da sua consulta de PF. Permita-se viver a sexualidade de forma responsável e segura.