Para uns é a altura perfeita para estreitarem laços, passarem tempo juntos, namorarem, porem a conversa em dia; para outros, esta é a altura em que percebem que andaram a fugir um do outro o ano todo e em que dificuldades e diferenças se destacam.
A rotina do dia-a-dia é uma excelente forma de camuflar diferenças, que vêm ao de cima quando não se lhe podem atribuir a culpa. Os filhos, o trabalho, os horários complicados, o cansaço – tudo isto é válido quando se trabalha, mas deixa de o ser quando se está de férias. E é nesta altura que as crises surgem no casal, muitas delas relacionadas com as dificuldades sexuais.
Homens e mulheres conseguem atribuir uma justificação para a falta de desejo, dificuldades no orgasmo, dificuldades na erecção, entre outras, seja pelo excesso de trabalho, a falta de tempo, as responsabilidades... mas é quando se está de férias que estas justificações caem por terra e que as discussões no casal surgem.
Os casais não sobrevivem sem sexo e há estudos que mostram que as relações longas têm, em média, mais vezes relações sexuais do que os casais que estão juntos há pouco tempo.
Ora, é isto que pelo menos um dos parceiros espera que aconteça nas férias e quando as dificuldades se mantêm iguais ao longo do ano, surgem as queixas e discussões.
Caso se esteja de férias em casal, ou em família, e as dificuldades sexuais continuem, é muito difícil não deixar que alguma tensão passe para fora do quarto. E isto pode arruinar os dias que se querem descansados e tranquilos.
Este tipo de dificuldade, ou conflito, não tem de ser o fim da relação. Muito pelo contrário, atendendo à forma como o casal repara estas dificuldades, pode ser até uma forma de os aproximar. A comunicação aqui, como em qualquer situação, tem um papel de destaque. É importante que o casal seja capaz de falar sobre o que o preocupa e que trace uma estratégia conjunta para lidar com o problema.
Quando o(a) parceiro(a) se mostra compreensivo e com vontade de ultrapassar a dificuldade, sem colocar mais pressão sobre o(a) outro(a), é meio caminho andado para que os problemas se resolvam.
Uma fase de crise na relação a dois pode ser uma oportunidade para regenerar a relação e, inclusive, reforçá-la. Para isto é importante que o casal tenha presente uma série de questões, entre as quais se destacam:
• O que os liga?
• O que esperam um do outro?
• O que os tem mantido ao longo dos anos?
• O que gostam na vida partilhada?
• O que admiram um no outro?
• O que os atrai?
• Que aprendizagens podem retirar destes anos para o futuro?
• Que sonhos e actividades partilham?
• Em que momentos estão bem?
No caso de casais em que existe uma dificuldade de cariz sexual é importante que haja uma postura de compreensão por parte do(a) parceiro(a), ao invés de uma postura acusatória ou de crítica. Quem vivencia a dificuldade já se sente humilhado e diminuído o suficiente.
É importante que haja um incentivo à procura de ajuda especializada: uma dificuldade sexual nunca é um problema exclusivo da pessoa, mas do casal em si. Tem de haver empenho dos dois lados e não esperar que seja a pessoa com a dificuldade a resolver tudo.
Ao contrário da maior parte das situações, aqui o tempo não cura tudo e quanto mais rápido “detectarem” a dificuldade e procurarem ajuda mais rápido e fácil vai ser.
Uma dificuldade sexual não tem de ser a ruína de umas férias, mas pode causar mossa. Por essa razão, quanto mais rápido o casal unir esforços no sentido de ultrapassar a disfunção, mais depressa vai ter estabilidade. Não ter vergonha do(a) parceiro(a), falar abertamente sobre a dificuldade e acreditar que ambos estão juntos para o bem e para o mal ajuda imenso a resolver todas as dificuldades, das mais simples às mais complexas.