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6 novembro 2016
Texto de Marta Xavier Cuntim (Psicóloga, Especialista em Sexologia Clínica) Texto de Marta Xavier Cuntim (Psicóloga, Especialista em Sexologia Clínica)

O prazer é possível

​​​​​​Dez por cento das mulheres nunca teve um orgasmo na vida. A saída depende tanto das próprias como dos parceiros sexuais.

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A perturbação do orgasmo é a segunda disfunção sexual feminina mais comum em Portugal, logo a seguir à falta de desejo sexual. Um estudo realizado por Vânia Beliz, em 2013, numa amostra de 2.527 mulheres portuguesas,revelou que 10% NUNCA atingiu o orgasmo. Não admira que o assunto faça correr muita tinta nas revistas femininas. As melhores formas para se conseguir atingir o orgasmo, orgasmos múltiplos e o ponto G são temas de capa frequentes.​

A verdade é que ainda há muitas dúvidas e mitos relativamente a este problema. De uma forma geral, dois grandes factores explicam a sua prevalência. Por um lado, a existência de pensamentos automáticos negativos, que distraem. Por outro, o desconhecimento relativamente à anatomia feminina.

O mesmo estudo veio reforçar que uma grande parte das mulheres precisa de estimulação no clitóris, ao mesmo tempo que é penetrada, para conseguir atingir o orgasmo. Apenas uma pequena percentagem de mulheres referiu que a penetração basta para conseguirem ter prazer.

Ora, o que muitas mulheres não sabem é que o clitóris é um órgão que só elas têm e que serve única e exclusivamente para dar prazer. Por isso, quando não é estimulado durante as relações sexuais, acaba por ser mais difícil para a maioria atingir o orgasmo.

Acontece que muitas mulheres nunca se masturbaram, por considerarem que é algo errado e pecaminoso. Não conhecem verdadeiramente o seu próprio corpo, nem sabem o melhor caminho para alcançarem prazer. Assim sendo, não podem “ensinar” os parceiros nessa “tarefa”.
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Já os pensamentos que distraem são pensamentos que surgem automaticamente e que nos desconcentram negativamente da tarefa que estamos a fazer. Muitas mulheres que chegam à consulta por não conseguirem atingir o orgasmo relatam que, durante as relações sexuais, pensam em tudo e mais alguma coisa. Pensam nas tarefas do dia seguinte, como a roupa dos filhos, a ementa para o jantar e os problemas de trabalho; pensam na sua imagem corporal (se estão mais gordinhas, com celulite, sem a depilação feita); pensam no próprio facto de não conseguirem atingir o orgasmo; pensam, até, que aquilo nunca mais acaba. O problema é que nunca se distraem com pensamentos eróticos!

Ora, o orgasmo é tão mais intenso quanto mais excitada subjectivamente a mulher estiver. Por essa razão, é fundamental que vá procurando informação erótica durante as relações sexuais, através da exploração dos cinco sentidos, que se concentre no “aqui e agora” e deixe as tarefas e afazeres para outra altura.

Artigo publicado originalmente na Revista Saúda 08
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