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13 julho 2020
Texto de Catarina Nobre e Irina Fernandes Texto de Catarina Nobre e Irina Fernandes Ilustração de Lord Mantraste Ilustração de Lord Mantraste

Saúde aqui à mão

​​​​​​​​​​OMS e OCDE recomendam soluções de proximidade.

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A Org​anização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) defende «a crescente utilização dos farmacêuticos comunitários em tarefas de promoção da literacia dos doentes, prevenção, gestão da doença crónica e imunização». Para responder à pandemia, recomenda aos governos uma reforma dos cuidados primários, com dois eixos: equipas de saúde multidisciplinares, baseadas na comunidade, e modernização tecnológica. 

O organismo internacional, que federa 38 países democráticos com economias de mercado, considera que «a actual pandemia permitiu perceber que muitos profissionais de saúde devem ver as suas competências alargadas, promovendo práticas inovadoras». Novos papéis para enfermeiros e farmacêuticos comunitários «têm o potencial de reduzir a carga imposta aos médicos dos cuidados primários, sem prejudicar a qualidade dos cuidados prestados e a satisfação do doente». 

A OCDE valoriza as competências extracurriculares dos farmacêuticos, em particular «o conhecimento profundo sobre as suas comunidades». Farmacêuticos com papéis mais desenvolvidos «contribuem para melhorar os resultados em saúde, ajudando doentes a fazer a melhor utilização possível dos medicamentos, prevenindo tomas incorrectas dos mesmos» Para além disso, podem ser aproveitados em tarefas de aconselhamento em saúde, literacia e rastreios preventivos. 

O relatório “Realising the Potential of Primary Health Care” elogia a tendência de maior utilização dos farmacêuticos comunitários, na resposta à COVID-19, em países como Inglaterra, Bélgica, Finlândia, Itália e Suíça, «melhorando o acesso a cuidados de saúde primários em locais mais remotos». Portugal é nomeado como um exemplo porque os farmacêuticos foram autorizados a renovar prescrições para determinados medicamentos, permitindo minimizar o número de consultas. 

Para «gerir a crescente procura por cuidados de saúde, reduzindo as desigualdades geográficas no acesso», a OCDE defende «a reconfiguração dos cuidados primários, através da tecnologia digital e da prestação de cuidados por equipas multiprofissionais». De acordo com o relatório, os governos devem «capacitar as equipas locais de saúde, através da formação e de legislação apropriada».


A Organização Mundial de Saúde (OMS) incentiva os governos a «confiar nos farmacêuticos para fornecer informação de primeira linha à população». É necessário que as farmácias comunitárias prestem aconselhamento regular à comunidade sobre «isolamento, distanciamento social e cuidados a ter em situação de quarentena».  Para esse efeito, devem procurar «sempre que possível, disponibilizar materiais gráficos com instruções aos utentes sobre as técnicas correctas de lavar as mãos e usar máscaras», como aconteceu em Portugal. 

A proximidade territorial e a confiança da população nos farmacêuticos são estratégicas na implementação das políticas de Saúde Pública. «Os farmacêuticos têm um papel importante no combate à desinformação e na resposta a alegações enganosas e falsas sobre a eficácia de vários tratamentos para o COVID-19», sustenta a OMS. 

A OMS considera indispensável integrar as farmácias comunitárias na resposta à pandemia COVID-19. Para deter a pandemia, é decisiva «a transferência de serviços essenciais de saúde e assistência social do hospital para a comunidade».  Isso compreende as consultas de telemedicina e as plataformas digitais, por um lado, e os serviços de saúde de proximidade, como as farmácias comunitárias e as pequenas clínicas particulares. O relatório admite a transferência de serviços de vacinação e de cuidados pré-natais, desde que com formação e período de adaptação adequados. 

As farmácias devem «aumentar a dispensa ao domicílio de medicamentos com e sem receita médica». Por outro lado, precisam de reorganizar as suas equipas e turnos, para garantir a continuidade do seu serviço mesmo que algum elemento seja infectado.