Muito antes de ter tido formação em piano e canto lírico, Rita Redshoes já tocava vários instrumentos musicais. «Fui autodidata, sim. Na bateria, na guitarra, mesmo no piano… fui experimentando. Acho que é um processo reflexo da paixão que se tem pela música, pela descoberta do som».
Segundo conta, Rita pôde sempre contar com muitos instrumentos à sua disposição, fosse na banda do irmão, fosse na casa de alguns vizinhos, que tinham teclados e pianos. «Essa disponibilidade fomentou, sem dúvida, a descoberta. Lembro-me de ir a casa deles vê-los tocar e de os imitar. Tinha mesmo gosto na repetição, repetição, repetição… até conseguir fazer alguma coisa dos instrumentos».
Hoje, numa época em que tudo está disponível através da Internet, aprender não será complicado para quem o desejar. «Na altura eu não tinha nada disso, era um trabalho de ouvido. Na guitarra, ia escutando e observando o meu irmão e os amigos, que sabiam alguns acordes, e decorava as posições dos dedos. Depois, como qualquer músico, é repetir, repetir, repetir… até que o próprio corpo ganha aquela memória. É muito engraçado, isso».
A paixão pela música e pela descoberta do som foram os motores de aprendizagem de vários instrumentos musicais.
Sendo tanto Rita como o irmão pessoas musicais, perguntamos se a genética terá desempenhado algum papel no seu caminho e escolhas, mas a resposta é um redondo: «Não sei! Nenhum dos meus pais toca qualquer instrumento, a minha mãe canta até muito mal (posso dizer isto, porque ela assume). Da parte do meu pai, tinha tias que tocavam guitarra portuguesa e órgão, também de forma autodidata, e o meu avô cantava fado. Do lado da minha mãe, lembro-me que havia um piano em casa, mas ninguém tocava muito bem. Contudo, ouvia-se muita música. Aliás, os meus avós foram das primeiras pessoas na aldeia a ter uma grafonola. Punham-na a tocar e faziam bailes com os vizinhos».
Rita Redshoes escreve e canta as suas canções, toca piano, guitarra, bateria, piano Rhodes, sintetizador e metalofone.