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27 junho 2022
Texto de Carina Machado Texto de Carina Machado Fotografia de Pedro Loureiro Fotografia de Pedro Loureiro

Lado Bom, um disco «em carne viva»

​​​​​​O último disco de Rita Redshoes inspira-se na experiência da maternidade e é cantado em português.

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Começou a ser escrito pouco tempo depois de ter engravidado e o processo criativo só ficou concluído no pós-parto, em plena depressão. Por isso, o último disco de Rita Redshoes, “Lado Bom”, é, para a cantautora, um trabalho «à flor da pele e em carne viva».


Segundo conta, parte das canções foram escritas já com a filha ao colo, «em processo de luta interna. Fiz questão de as manter no disco, porque este “Lado Bom” tem a ver também com isso, com a maternidade e todas as coisas mais pesadas, mais duras, que traz, mas que, apesar do sofrimento, me fazem sentir, hoje, uma melhor versão de mim mesma». 

Outra parte resulta do mergulho interno que fez ainda durante a gravidez. «Voltei à minha infância, às relações com os meus pais. É um processo que mexe estruturalmente connosco, mas aquilo que ganhei, o que descobri acerca de mim, trouxe-me coisas muito boas. Hoje sinto-me mais eu, mais completa, mais inteira, e o disco fala muito sobre isso». 


Cantar em português é uma novidade para Rita Redshoes, já que embora escrevesse muitas coisas na língua materna, confessa que não tinha coragem para as assumir.

Outra particularidade de “Lado Bom”, é o facto de ter canções cantadas em português, algo que Rita Redshoes sempre quisera, mas sentira pudor em fazer. «A língua portuguesa tem particularidades interessantes. É riquíssima, mas muito vincada, sobretudo nalgumas consoantes, e exige que se encontre um caminho certo para que as vogais, que não são tão abertas como o português do Brasil, se possam musicar de forma harmoniosa. Acontece que sempre que eu o fazia, soava muito coloquial, e pouco à minha música». Resultado: embora escrevesse muitas coisas na língua materna, não tinha coragem para as assumir. 

Contudo, os vários convites para duetos em português com artistas e bandas portuguesas permitiram-lhe ir experimentando a língua, ganhar algum à-vontade, descobrir-lhe a elasticidade. Até que, «curiosamente, neste último disco, de repente sentava-me ao piano ou com a guitarra, e só saíam coisas em português. Ou seja, acho que andei a fomentar isto cá dentro, a trabalhar, a trabalhar, e de repente a coisa nasceu, inteira». Lado Bom, um disco de maternidade.



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