Política de utilização de Cookies em Revista Saúda Este website utiliza cookies que asseguram funcionalidades para uma melhor navegação.
Ao continuar a navegar, está a concordar com a utilização de cookies e com os novos termos e condições de privacidade.
Aceitar
3 dezembro 2021
Texto de Maria Jorge Costa Texto de Maria Jorge Costa Fotografia de Mário Pereira Fotografia de Mário Pereira Vídeo de André Oleirinha Vídeo de André Oleirinha

Quintal de festa

​​​​Paulo Bagulho recuperou a tradição dos casamentos de Nisa.​

Tags
​Filho da terra, Paulo Bagulho e a mulher trabalham em saúde, mas isso não os impediu de abrir um restaurante onde recriaram as tradições dos casamentos de Nisa. No Quintal da Festa, os visitantes podem observar uma casa tradicional do início do século XX e saborear a comida que se preparava para os dias do casamento.

Quintal de festa era o nome dado aos quintais de lavradores que cediam os espaços aos noivos para os três dias de festejos, normalmente nos fins-de-semana de Julho e Agosto. 

As celebrações tinham enorme impacto nos jovens em começo de vida. Os convidados davam dinheiro, traziam produtos do campo para os cozinhados e as noivas expunham o enxoval para ser vendido.

«Há 50, 70, 80 anos, as moças tinham de saber bordar», explica Paulo Bagulho. Começavam a aprender pelos 7, 8, 9 anos, com as “mestras”. Bordavam incessantemente até ao dia do casamento. Tudo era colocado em cima da cama, passado peça a peça, para quem quisesse comprar. «O conceito de base era “somos pobres, não temos direito a dote, mas vamos trabalhar toda a nossa juventude e no dia do casamento nós próprias ganhamos o nosso dote”, e essa foi a forma de muitas famílias começarem uma vida economicamente mais fácil», acrescenta.

O Quintal da Festa é um espaço de recriação da tradição dos casamentos de Nisa, incluindo as casas da época. A ideia do casal surgiu num dos últimos quintais de festa que se realizou em Nisa, «onde está o feijão no fogo, a carne a ser confeccionada nas caçarolas e tivemos a ideia de avançar, recuperar a gastronomia e a tradição dos casamentos. O feedback tem sido muito positivo, e ganhou maior visibilidade com uma reportagem no programa “Mesa Nacional”, da TVI. Damos a conhecer como se vivia há muitas décadas e o que isso representava: o conceito de bordar para vender, ganhar o próprio dote».

Paulo apaixonou-se pela cozinha com os cozinhados da avó, ex-cozinheira numa «casa rica», onde era confeccionado outro tipo de comida, como a lampreia, o rosbife. Ela aprendeu essas receitas e Paulo, curioso, queria saber como eram os temperos, como se fazia a comida. O gosto ficou e Paulo foi cozinhando para os amigos. Quando a ideia surgiu, bastou aplicar os conhecimentos.
​​
 
Notícias relacionadas