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29 dezembro 2022

Prevenir bronquiolites

​A melhor forma de evitar contágios é ter cuidados de etiqueta respiratória, e evitar espaços fechados e com muitas pessoas.​

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Texto de Rosalina Barroso | Coordenadora de pediatria, Hospital CUF Cascais e Clínica CUF Miraflores

Os vírus respiratórios são a causa mais frequente de infeção respiratória em lactentes e crianças de idade inferior a cinco anos. Anualmente, são responsáveis por 33 milhões de infeções respiratórias e 118 mil mortes, neste grupo etário, no mundo. 

O vírus sincicial respiratório (VSR) é um dos vírus respiratórios mais frequentes. Pode provocar doença respiratória em qualquer idade, mas é nos extremos da vida que se encontram os grupos de maior risco. Entre os mais vulneráveis, estão os recém-nascidos prematuros, lactentes com idade inferior a seis meses e crianças com doenças neuromusculares, doenças cardíacas congénitas ou imunodeficiência.

O VSR é o vírus mais comum de doença das vias respiratórias inferiores em crianças até aos cinco anos de idade, mas sabe-se que até aos dois anos já todas foram infetadas. Aliás, 80% das infeções ocorre no primeiro ano de vida, sendo os primeiros seis meses o período crítico com doença mais grave. Importa esclarecer que a infeção não garante imunidade, sendo a possibilidade de recorrência comum, mas habitualmente de menor gravidade.

Trata-se de uma doença sazonal, ocorrendo nos climas temperados no outono/inverno e início da primavera. A transmissão dá-se através da introdução do vírus no nariz, nos olhos ou na boca, após contacto com secreções (contacto direto) ou com objetos que contêm o vírus (contacto indireto). O vírus pode permanecer nas mãos e em objetos inanimados várias horas, sendo muito contagioso e podendo transmitir-se entre os vários membros da família.

Para prevenir a transmissão da infeção, deve haver: lavagem frequente das mãos; cumprir as medidas de etiqueta respiratória quando se tosse ou espirra, como cobrir a boca ou o nariz com um lenço ou braço; evitar exposição ao tabaco ou a outros fumos; evitar lugares superpovoados, como centros comerciais e supermercados. Pensando nos fatores protetores da infeção, destaca-se o aleitamento materno, pela proteção que confere na diminuição de infeção, número de internamentos e falência respiratória. 

Existe ainda um medicamento (anticorpo monoclonal) usado como profilaxia da infeção a VSR em bebés muito prematuros ou com doenças crónicas. Este medicamento é de uso hospitalar, sendo a decisão da sua administração feita caso a caso.

Como se manifesta a infeção? O período de incubação é de quatro a seis dias (após o que se iniciam os sintomas) e a transmissão viral dura entre três a oito dias. Os sintomas variam de acordo com a idade e o estado de saúde da criança: podem limitar-se às vias respiratórias superiores e ser de pouca gravidade, com obstrução e corrimento nasal; ou atingir as vias respiratórias inferiores causando bronquiolite (tosse e dificuldade respiratória).

O diagnóstico é clínico e a terapêutica sintomática. Sabe-se que 20% das crianças com menos de um ano de idade, com diagnóstico de bronquiolite, necessita de tratamento médico e 2% a 3% precisa de internamento. 

Sendo uma doença com potencial gravidade nos bebés (e não existindo vacina disponível), é extremamente importante o conhecimento e cumprimento das medidas de prevenção da transmissão da infeção.
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