Política de utilização de Cookies em Revista Saúda Este website utiliza cookies que asseguram funcionalidades para uma melhor navegação.
Ao continuar a navegar, está a concordar com a utilização de cookies e com os novos termos e condições de privacidade.
Aceitar
31 julho 2020
Texto de Nuno Monteiro Pereira (urologista e andrologista) Texto de Nuno Monteiro Pereira (urologista e andrologista)

Prazer com idade

​​​​​​A quebra de testosterona surge a partir dos 60 anos.

Tags
Há uma fase da vida em que os homens já não se sentem jovens, mas ainda não se sentem velhos. É por essa altura que começam a pensar, ou a ouvir falar, na andropausa, o conjunto de modificações fisiológicas que se deve ao défice da principal hormona masculina, a testosterona.

E, contudo, a andropausa não existe. Etimologicamente, a palavra significa parar de ser homem, o que, obviamente, não é o caso. O termo foi criado há cerca de 50 anos, por analogia com a palavra menopausa, que significa paragem da menstruação, que ocorre a todas as mulheres.

No homem, o termo científico correcto, mas complicado, é Défice Parcial de Androgénios do Homem Idoso, PADAM na sigla inglesa de Partial Androgen Deficiency of Aging Male. Este termo explicita não existir qualquer pausa mas uma lenta e progressiva diminuição da produção das hormonas masculinas. A principal diferença em relação à mulher é que não há perda da capacidade fértil. Existem outros sinais de mudança, alguns deles bastante semelhantes aos das mulheres.

Os sinais biológicos traduzem inequivocamente uma diminuição da anterior capacidade viril. Surgem geralmente por volta dos 60 anos e devem-se essencialmente à diminuição da função testicular, com a consequente baixa da testosterona circulante. Este défice hormonal começa lentamente. Culmina em alterações da silhueta, por aparecimento de adiposidades; diminuição da capacidade muscular e sexual; perturbação do humor, nomeadamente tristeza e irritabilidade. Podem surgir sensações súbitas de calor e rubor facial, embora mais raras e menos intensas do que na mulher menopáusica; episódios de taquicardia; insónia, quase sempre por dificuldade em voltar a adormecer se acordar a meio da noite; perda da pilosidade nas pernas e noutras regiões do corpo.
 
Psicologicamente, o homem fica marcado pela eventual constatação da diminuição da actividade sexual, mas sobretudo é vítima do principal mito sobre a sexualidade do idoso: a inevitabilidade da perda da actividade sexual.

Mas existe ou não uma perda progressiva da capacidade sexual com a idade? De facto, parece existir uma diminuição significativa da capacidade eréctil com a idade, mas geralmente só perto, ou depois, dos 70 anos. Muito homens adaptam-se à situação e a resposta sexual nessa idade, apesar de diferente, pode continuar a ser eficaz e fonte de prazer, apesar da erecção demorar mais tempo a estabelecer-se. O orgasmo pode acontecer com diminuição da sensação ejaculatória. Estas alterações não impedem que possa ser um parceiro sexual eficaz. Até porque nem sempre existe diminuição do desejo sexual, apesar do défice parcial das hormonas. Embora o desejo se mantenha, as erecções são cada vez menos espontâneas e só se estabelecem sob um estímulo eficaz. Daí a necessidade de uma maior participação da mulher. Muitas vezes, para isso, é necessário que a mulher abandone o comportamento passivo e o homem aceite deixar de ser ele a ter o papel activo.

A regularidade sexual e um bom estado de saúde física e mental ao longo da vida são as grandes determinantes duma vida sexualmente gratificante depois dos 60. A manutenção da actividade sexual é fundamental num processo normal de envelhecimento. Havendo queixa, é importante a consulta a um especialista – urologista ou endocrinologista – para avaliação do que realmente se passa.​
Notícias relacionadas