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1 fevereiro 2019
Texto de Nuno Monteiro Pereira (Urologista e Andrologista) Texto de Nuno Monteiro Pereira (Urologista e Andrologista) Ilustração de Mantraste Ilustração de Mantraste

Sexo feliz na terceira idade

​​​​​​A sexualidade sénior existe e recomenda-se.

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A sexualidade é uma das vertentes que mais se ressente com o envelhecimento. Na mulher, o envelhecimento sexual é sobretudo marcado pela menopausa, com diminuição da lubrificação e atrofia vaginais, quase sempre associadas a diminuição ou perda do desejo sexual. Mais do que a diminuição da capacidade sexual, as mulheres ressentem-se com as alterações do próprio corpo.

No homem, o envelhecimento sexual é principalmente manifestado pela consciência da diminuição da função eréctil e/ou pelo receio da perda definitiva dessa capacidade. As modificações são geralmente encaradas de modo menos dramático pelos homens.

A velhice pode ter, e tem quase sempre, importantes repercussões na comunidade. Um corpo envelhecido é para muitas pessoas percepcionado como um corpo deteriorado, estragado, socialmente inútil. Esta perda de valor é ainda mais acentuada quando a idade está associada a outros factores de vulnerabilidade, como a pobreza, a baixa educação, a solidão, ser pensionista, ser mulher.

Os factores relacionados com a conjugalidade ou dinâmica social são igualmente importantes. Idosos que precisam de acompanhamento permanente por alguma incapacidade física, psicológica ou mental, sentem mais. A solidão, por falta de companheiro ou companheira, é um factor determinante para uma sexualidade ausente ou pouco saudável.

Como combater estes factores? Nas mulheres, uma feminilidade confiante só pode ser conseguida pelo refúgio em habilitações sociais e afectivas. Socialmente, é essencial alguma auto-exigência nos cuidados com o corpo, vestuário, penteado e postura, para sentir-se bem. Afectivamente, as atenções dirigem-se ao marido, se este existir, embora muitas vezes elas privilegiem os filhos, os sobrinhos e, principalmente, os netos.

Os homens têm piores habilitações sociais e afectivas. Devem procurar contrariar a resignação, a depressão, a perda de auto-estima, o desinteresse pelo mundo que os rodeia, o isolamento.

Têm de contrariar os mitos enraizados na sociedade: o natural termo da actividade sexual, a influência nefasta do sexo no estado de saúde. Na ausência de doenças (próstata, diabetes, aterosclerose, hipertensão, depressão e algumas doenças oncológicas) ou de alguns tratamentos dirigidos à região pélvica (radioterapia e/ou cirurgias da próstata e do recto), a sexualidade deverá manter-se activa e adequada até idades avançadas. A não ser que haja uma forte diminuição da produção hormonal. Para além disso, devem saber que existem várias armas terapêuticas para combater o envelhecimento sexual masculino, nomeadamente fármacos vasoactivos penianos, testosterona e aconselhamento sexológico.

No caso das mulheres, as soluções terapêuticas para a disfunção sexual são muito limitadas, quase só dirigidas aos cremes que melhoram a lubrificação e favorecem a mucosa vaginal. Para o desejo sexual a terapêutica hormonal com testosterona é pouco utilizada, por ser alvo de receios e suspeitas pouco fundamentadas.

A sexualidade sénior existe e recomenda-se, desde que as mulheres e os homens saibam e queiram combater os mitos do passado. Com mentalidade aberta e livre, que não despreze viver a vida e viver a sexualidade. E, se necessário, procurando ajuda especializada.
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