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29 novembro 2019
Texto de Nuno Monteiro Pereira (urologista e andrologista) Texto de Nuno Monteiro Pereira (urologista e andrologista)

O velho segredo dos cowboys

​​​​Atirar primeiro para matar o cancro da próstata.

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O cancro da próstata é o tumor maligno mais frequente nos homens e a segunda causa de morte por cancro, logo a seguir ao cancro do pulmão. Em Portugal, surgem mais de 6.000 novos casos por ano. Um em cada nove portugueses sofre ou virá a sofrer de cancro da próstata. Por ano, morrem cerca de
2.000 portugueses devido a este tumor.

Os actuais tratamentos do cancro da próstata são muito eficazes, mas é decisivo o momento do diagnóstico: quanto mais precoce for, mais fáceis são os tratamentos e melhores os resultados. A prevenção do cancro da próstata é, pois, muito importante.

Existem muito estudos para descobrir os factores de risco, sendo esses os dados que permitem promover a prevenção da doença e o diagnóstico precoce. Mas poucos são os factores de risco cientificamente provados, pelo que prevenir o cancro é sobretudo promover a saúde.

Cada pessoa é a principal responsável pela prevenção do cancro. Adoptar uma vida saudável, com uma alimentação cuidada, pobre em gorduras e rica em vegetais, praticar exercício físico regular, evitar o tabaco e ter hábitos alcoólicos moderados são a base da prevenção de qualquer cancro.

Quais os factores de risco do cancro da próstata?
No caso particular do cancro da próstata, apesar da causa ser ainda desconhecida, diversos factores são apontados como podendo estar na sua origem, nomeadamente factores genéticos e ambientais. Sobre os primeiros, existe evidência da tendência familiar de alguns casos, sabendo-se que o filho de um homem que tenha tido cancro da próstata tem cinco vezes mais possibilidades de vir a desenvolver a doença. Os homens de raça negra têm também maior probabilidade de ter a doença e apresentarem a forma mais agressiva.

Sobre os factores ambientais, sabe-se que a obesidade é um factor de risco importante, particularmente por determinar um crescimento mais rápido e agressivo do tumor. As gorduras saturadas e a ingestão de elevadas quantidades de proteínas, típicas da dieta ocidental, podem contribuir para este tumor. Ao contrário, o selénio, a vitamina E e, sobretudo, o licopeno, existente no tomate cozinhado, parecem proteger ou prevenir o desenvolvimento do cancro da próstata, quando ingeridos de forma prolongada.

A idade é um factor de risco comprovado, sendo um cancro raro em idades inferiores a 45 anos. Embora também possa existir nestas idades, sobretudo quando existem factores genéticos familiares, a grande maioria dos doentes com esta neoplasia tem uma idade superior a 60 anos.

Que queixas pode causar?
O cancro da próstata não causa qualquer sintoma ou queixa nas fases iniciais. A maior parte dos casos em fases precoces da doença é diagnosticada em exames.

Como se faz o diagnóstico precoce?
Existem actualmente elementos de diagnóstico cuja interpretação conjunta permite o diagnóstico em fases precoces. Destaca-se o toque rectal, o PSA (Prostate Specific Antigen, a designação inglesa para Antigénio Específico da Próstata), a ecografia prostática e a biópsia prostática.

O toque rectal é o mais simples dos exames. Como o cancro da próstata cresce quase sempre na região periférica, encostada ao recto, o dedo do urologista consegue detectar se existem endurecimentos suspeitos.

O PSA é uma análise ao sangue que, se estiver elevada, pode fazer suspeitar de cancro da próstata. Existem outras situações que podem fazer subir o PSA, como a inflamação da próstata ou um grande volume do órgão. No entanto, sempre que se detecta um valor elevado nesta análise deve-se efectuar uma avaliação rigorosa para excluir o cancro.

A ecografia da próstata é um exame útil para avaliar o tamanho da mesma, a forma e características internas. Pode detectar-se uma zona suspeita de cancro, geralmente um nódulo, muitas vezes apenas uma zona heterogénea periférica. É geralmente feita através do recto, podendo também ser feita por cima da barriga, embora neste caso não se consigam informações tão detalhadas.

A biópsia da próstata é o único exame que permite diagnóstico definitivo de tumor maligno. Deve ser efectuada com controle ecográfico, por via trans-rectal, com pelo menos oito a 12 fragmentos de localizações diferentes na próstata, e com anestesia local. A amostra é depois analisada ao microscópio. Quando a biópsia revela células malignas, pode ser necessário efectuar outras avaliações, como a radiografia do tórax, ressonância magnética do abdómen ou a cintigrafia dos ossos, para avaliar se o tumor já se espalhou para outros órgãos.

Em jeito de conclusão, todos os homens têm de reter que o cancro da próstata é bastante frequente, mas quanto mais cedo for diagnosticado maiores são as hipóteses de ficar curado.

Se descoberto em estádios iniciais, a probabilidade de cura pode chegar a 85 por cento. O recurso ao médico de família ou ao urologista é indispensável, particularmente acima dos 60 anos, ou dos 40 caso existam antecedentes paternos da doença. 
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