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30 outubro 2020
Texto de Vera Pimenta Texto de Vera Pimenta Fotografia de Ricardo Castelo Fotografia de Ricardo Castelo

Porto seguro

​​​​Primeiro município do país a comparticipar o serviço de vacinação contra a gripe nas farmácias.

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​Maria Fernanda Silva viveu no Carvalhido toda a vida. Aos 85 anos, viu passar a Segunda Guerra Mundial, celebrou o 25 de Abril e lutou contra crises de todas as espécies. «Como esta não vi nenhuma», afirma, ajeitando os elásticos da sua máscara branca, que agora a acompanha em todas as saídas. «E tenho medo. Muito medo».


Em 85 anos de vida, Maria Fernanda da Silva nunca viu crise como esta

De Março a Junho não pôs um pé fora de casa. Só nos últimos meses ganhou coragem para sair, com todos os cuidados, para ir à farmácia ou à mercearia. Da Farmácia Alves só tem boas memórias. «Eu sou pessoa de reconhecer quando me fazem bem. E fico grata para o resto da vida.»

A saúde, sublinha, é uma preocupação na sua idade. Por isso, todos os invernos se previne, tomando a vacina contra a gripe. Este ano já tentou contactar o centro de saúde várias vezes para fazer a marcação, sem sucesso. «A minha última consulta foi em Dezembro. Têm muito trabalho, percebe?». Além disso, a deslocação até lá implica que seja o filho a levá-la. «Se pudesse tomá-la aqui na farmácia, era só a um passinho de casa».



Porque na escuridão há luzes que nunca se apagam, este ano os utentes com mais de 65 anos, como Maria Fernanda, vão poder tomar a vacina contra a gripe sazonal nas farmácias do Porto, nas mesmas condições do centro de saúde. O protocolo, celebrado entre a Câmara Municipal do Porto e a Associação Nacional das Farmácias, foi o primeiro do programa “Vacinação SNS Local”.

«Há um custo que cada farmácia tem de receber pelo serviço que presta», explica Rui Moreira. «A câmara está disponível para o pagar, para que a população com mais de 65 anos não tenha de ir ao centro de saúde e também para reduzir a pressão sobre o SNS».

O presidente da câmara garante que a iniciativa é uma forma de prever o futuro e proteger os cidadãos mais frágeis. «Os centros de saúde estão na proximidade só de alguns. As farmácias estão próximas de todos, porque são uma rede que cobre todo o território», remata.

«Nós temos de evitar que o máximo de pessoas fique doente», afirma Maria Teresa Almeida, directora-técnica e proprietária da Farmácia Alves. Por isso, considera que a intervenção das farmácias na cobertura vacinal é decisiva. «De outra forma, ia haver vacinas em locais sem capacidade para as administrar; e pessoas a quererem ser vacinadas, correndo o risco de não ter vacinas».

«Eu espero que isto mostre a importância das farmácias como primeira porta de entrada no SNS», confessa Maria Teresa, agradecida pelo reconhecimento dos utentes e da própria autarquia. A directora-técnica recorda todo o esforço exercido pela sua equipa para manter a porta aberta nas piores fases da pandemia. «No meio de todo este caos, a farmácia foi e será sempre um porto seguro».
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