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12 outubro 2020
Texto de Carlos Enes e Sandra Costa Texto de Carlos Enes e Sandra Costa Fotografia de Ricardo Castelo Fotografia de Ricardo Castelo

O futuro é Águeda

​​​​​​Câmara Municipal pioneira na comparticipação de serviço farmacêutico para o bom uso dos medicamentos.​

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A Câmara Municipal de Águeda (CMA) é o primeiro organismo público português a comparticipar o serviço farmacêutico de Preparação Individualizada da Medicação (PIM), que promove a toma dos medicamentos certos, na dose certa e à hora indicada. Este serviço já é comparticipado pelos sistemas de saúde públicos e seguradoras privadas de vários países do mundo desenvolvido, por combater um dos maiores problemas de Saúde Pública da actualidade: 50 por cento dos cidadãos não tomam os medicamentos correctamente, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. As falhas na adesão à terapêutica são responsáveis por metade dos internamentos hospitalares e pelo descontrolo de muitas doenças crónicas, como hipertensão ou diabetes, de que resultam complicações para os doentes, em muitos casos severas, como hemorragias, amputações, transplantes, cirurgias, sessões de hemodiálise e outros tratamentos evitáveis.


Farmacêuticos preparam a medicação personalizada para cada momento do dia

Várias farmácias do concelho já prestavam este serviço, que organiza a medicação em “saquetas- calendário”, seguras e fáceis de entender pelos doentes, com compartimentos específicos contendo os comprimidos ou cápsulas que devem tomar a cada hora do dia. A novidade é de natureza social. A comparticipação camarária vai garantir que nenhum doente será excluído da PIM por motivos económicos.




Esta pequena revolução, apresentada a 18 de Agosto, foi implementada em três semanas, graças à conciliação de vontades de dois autarcas que são profissionais de saúde. A proposta partiu do farmacêutico Pedro Marques, presidente da Junta de Freguesia de Macinhata do Vouga, e foi de imediato acolhida «com as duas mãos e uma vontade enorme» pelo enfermeiro Jorge Almeida, presidente da CMA. Na cerimónia de assinatura do protocolo entre a CMA, a Associação Nacional das Farmácias (ANF) e a Associação Dignitude, o presidente da câmara recordou as visitas domiciliárias que fez a muitos doentes ao longo da sua vida profissional. Encontrou «muitos idosos medicados nas próprias casas e uma enorme confusão nas gavetas onde guardam os medicamentos. Dali não pode resultar coisa boa», relatou Jorge Almeida.

O município financia até 100% o valor semanal da PIM, cinco euros. A percentagem de comparticipação é definida em função da avaliação dos técnicos camarários da condição económica de cada cidadão. Os potenciais beneficiários são doentes crónicos ou idosos, a tomar vários medicamentos de uso continuado, identificados e encaminhados para os serviços municipais pelo centro de saúde e as farmácias do concelho.

«Tudo aquilo que contribua para melhorar a maneira como as pessoas se relacionam com o medicamento é bom», congratulou-se a ex-ministra da Saúde Maria de Belém Roseira, embaixadora da Associação Dignitude, que disponibiliza ao projecto a sua plataforma de gestão de beneficiários. «Águeda tem o mérito de ser pioneira, mas a expansão a nível nacional vai ocorrer muito mais depressa do que nós imaginamos, porque estamos a falar de um dos maiores problemas de Saúde Pública a nível global e também em Portugal», declarou o presidente da ANF. Este momento vai ficar seguramente na história da saúde em Portugal», concluiu Paulo Cleto Duarte.

 

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