Todos temos momentos infelizes, aos quais a passagem do tempo concede uma bondosa memória de humor, catapultando-os para a categoria de desastrosos. Os campeões ultras medalhados não fogem a essa sina. Fernando Pimenta recorda a primeira maratona internacional, no final da década de 2000, como um desses episódios épicos.
«A minha experiência em maratonas era muito pouca. Aquilo é feito por voltas. A determinada altura temos de sair do caiaque, correr com ele na mão, e voltar a entrar na água para o caiaque». Na primeira portagem, «pelos quatro quilómetros, já tinha sofrido uns toques, vinha um bocado acelerado, e quando vou a sair do caiaque, a frente fica presa entre um adversário e a sua embarcação». Dos canoístas que o seguiam houve quem tropeçasse, quem caísse à água, e um caiu sobre o caiaque de Fernando Pimenta, partindo-lhe o leme.
Restabelecido durante o percurso de corrida, ao tentar desviar-se de um adversário que procurava “fechá-lo” contra umas grades, saltou por cima da embarcação dele e tropeçou. «Caí na areia completamente desamparado. Até fiquei atordoado». Mesmo assim ainda tentou voltar à competição. «Mas não tinha leme, tinha perdido o meu abastecimento, tinha perdido a placa com o número do barco… Tive de desistir. Mas não fiquei contente!».