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21 novembro 2017
Texto de Carina Machado Texto de Carina Machado Fotografia de Alexandre Vaz & Direitos Reservados Fotografia de Alexandre Vaz & Direitos Reservados

O bispo que partiu muita pedra

​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​António Francisco trabalhou numa pedreira alemã.

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D. António Francisco dos Santos trabalhou numa fábrica germânica de granitos, a serrar pedras. Tudo aconteceu numas férias de Verão, quando era jovem. Partilhava hábitos de trabalho operário na Alemanha com Adriano Monteiro Cardoso e José Guedes, amigos inseparáveis no Seminário de Lamego.

Com os estudos prestes a terminar, os três seminaristas sonhavam com uma vida sacerdotal em conjunto. «Pensávamos, com entusiasmo, que tudo era possível. Movia-nos o sentido de missão», recorda o padre José Guedes. «Nasceu-nos a ideia de irmos trabalhar em equipa». 


«No fim do seminário, o António foi estagiar para S. João da Pesqueira e em pouco tempo já estava a organizar conferências dirigidas aos outros padres sobre baptismo, matrimónio e outros temas», conta o padre Adriano Cardoso

Viam-se responsáveis por um concelho ou dois. Partilhariam uma casa, com divisão de gastos, e estruturariam a pastoral de modo territorialmente diferente: um ficaria responsável pelas crianças, outro pelos matrimónios, outro ainda por animar os grupos corais. «Fizemos um estudo muito estribado, o qual chegámos a mostrar a D. Américo Henriques, que era nosso bispo em Lamego na altura, e cujo perfil, cheio de ideias novas e grande dinamismo, era o ideal para nós», conta o padre Adriano. 

Quando foram ordenados diáconos, no entanto, cada um seguiu para seu lado. O estágio implicava acompanhar um padre numa paróquia. «O Zé Guedes​ foi para Salzedas, o António foi para S. João da Pesqueira». Rapidamente se destacou. Em pouco tempo, já estava a organizar conferências dirigidas aos outros padres sobre baptismo, matrimónio e outros temas. «A mim calhou-me um padre doente, em Castro D’Aire. Fez a homilia no dia em que eu cheguei e daí para a frente fui sempre eu. Fui o único que ficou colocado. Estive lá 26 anos», recorda.

Adriano Cardoso lembra que ainda voltaram, findo o ano de estágio, para falar novamente com o bispo sobre o projecto. «Já não era o mesmo, era agora D. António Xavier Monteiro, mas queríamos a equipa e, por isso, todos reverenciais, todos humildes, pedimos. E ele disse-nos que sim, que fizéssemos equipa com o António que “vai para Cinfães”. E com aquele anúncio, lá se foram os nossos sonhos todos». 

António Francisco foi para Cinfães, onde esteve com o padre Acácio, e de lá seguiu para Paris, para tirar o curso. «A nossa vida foi um conjunto de ideais», sublinha Adriano. «Não era o dinheiro que nos movia, era a missão, o trabalho, o andarmos felizes. Mesmo assim, foi uma vida rica, cheia de construções».


O padre José Guedes​​ recorda o entusiasmo que partilhou com D. António Francisco quando saíram do seminário: «Pensávamos que tudo era possível. Movia-nos o sentido de missão»
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