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12 dezembro 2019
Texto de Paulo Cleto Duarte Texto de Paulo Cleto Duarte

Entre Nós: Mudar a História

​​​​​Cabe aos órgãos de soberania dar voz aos cidadãos.

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Em 1744, dois membros do clero presbiteriano da Escócia, Alexander Webster e Robert Wallace, decidiram criar um fundo para garantir pensões às viúvas e aos órfãos dos membros do clero falecidos. 

Propuseram que cada um dos ministros da sua Igreja entregasse uma pequena parte do rendimento próprio ao fundo, que investiria o dinheiro. 

Se um padre morresse, a esposa receberia dividendos do fundo, permitindo-lhe viver confortavelmente para o resto da vida. 

A fim de determinar quanto cada um dos padres deveria pagar para o fundo, Webster e Wallace tinham de ser capazes de prever quantos padres morreriam por ano, quantas mulheres e órfãos deixariam sobrevivos e quantos anos as viúvas viveriam depois da morte dos maridos. 

Contactaram para esse fim um professor de Matemática da Universidade de Edimburgo, Colin Maclaurin. 

Os estudos que realizaram permitiram-lhes prever com grande rigor a contribuição necessária de cada padre para garantir o sustento dos seus familiares. 

Em 1765, o capital do fundo era de 58.347 libras, contra a previsão de 58.348 libras a que chegaram Webster e Wallace – uma libra de diferença apenas! 

Este fundo, denominado Scottish Widows, é hoje uma das maiores companhias de seguros e pensões do mundo, com bens de valor superior a 100.000 milhões de libras. 

Este é um caso exemplar de coesão e solidariedade. 

As soluções, mesmo as mais difíceis, são possíveis quando estudadas com profundidade e determinação. 

Portugal também enfrenta hoje um problema de coesão e solidariedade. 

Somos o terceiro país europeu com maior índice de envelhecimento. 

O Interior é o mais sacrificado, com menos população, menos escolas, menos tribunais, menos centros de saúde e outros serviços. 

Os cidadãos esperam do Governo e do Parlamento um combate determinado às desigualdades e ao envelhecimento. 

É difícil, mas não é impossível. 

No domínio da Saúde, esperam equidade no acesso e políticas de proximidade. 

Esperam uma política de saúde a pensar nas pessoas, particularmente as mais idosas, nas regiões mais desfavorecidas. 

As farmácias são a rede de cuidados de saúde que está em melhores condições de contribuir para essas políticas de igualdade e proximidade. 

Nas áreas mais atingidas pelo envelhecimento e pelo despovoamento, resistem muitas farmácias em grandes dificuldades. 

São o único serviço de saúde. 

E o último serviço público. 

Se nada fizermos para as salvar, acontecerá às farmácias o que aconteceu noutras áreas de actividade.
 
Nas zonas rurais, em territórios de baixa densidade, as farmácias terão cada vez mais tendência para fechar. 

Isso agravaria, talvez de forma irremediável, um problema que pode ser resolvido. 

Na anterior legislatura, os portugueses subscreveram a petição “Salvar as farmácias, cumprir o SNS”. 

Mais de 120 mil pessoas de todo o continente e ilhas propuseram soluções concretas para evitar o desastre. 

Cabe agora aos órgãos de soberania dar voz aos cidadãos e responder às suas necessidades. 

A Assembleia da República e o Governo têm uma grande oportunidade para fintar o destino e mudar a História.​
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