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1 junho 2023
Texto de Nuno Monteiro Pereira (urologista e andrologista) Texto de Nuno Monteiro Pereira (urologista e andrologista)

Ir ao médico urologista

​​​A especialidade não serve só para depois dos 50 anos e muito menos se destina só aos homens.​

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Os homens costumam dizer que é só uma questão de tempo: mais cedo ou mais tarde, todos irão precisar de um médico urologista. Há um fundo de verdade na afirmação, mas a Urologia, procurada essencialmente pelo sexo masculino, não se dedica apenas a problemas de homens, e não é específica de uma fase da vida: é uma especialidade que se destina a todas as idades e da qual o sexo feminino também pode necessitar.

Na infância os urologistas tratam, sobre​tudo, as infeções urinárias das meninas e dos rapazes, e a enurese, isto é, as perdas de urina durante o sono, situação anormal depois dos seis anos. Exclusivamente nos rapazes, os problemas penianos são motivo de preocupação, particularmente a fimose, as balantes (infeções da glande) e as aderências do prepúcio. Problemas renais, do ureter ou da bexiga, especialmente os que obrigam a cirurgia, são raros. Mas é preciso ter presente que existem certos tumores do rim e do testículo que se caracterizam por surgir na infância e, pelo menos de início, podem ser assintomáticos. A observação periódica da criança, com palpação abdominal e escrotal, é uma rotina obrigatória que deve ser realizada pelo pediatra.

Na adolescência e em jovens adultos, a ação do urologista debruça-se sobretudo sobre as cistites das raparigas, muitas vezes relacionadas com o início da atividade sexual. Nos rapazes, os problemas mais frequentes são as doenças sexualmente transmissíveis e as infeções agudas dos órgãos genitais: orquites, epididimites e prostatites. O cancro do testículo ainda pode aparecer nestas idades, sendo a autopalpação uma manobra essencial para o detetar. Felizmente, se for diagnosticado precocemente, é quase sempre curável, embora obrigue a cirurgia e quimioterapia.

Nos adultos, entre os 30 e os 50 anos, o problema urológico mais frequente continua a ser a infeção urinária, particularmente nas mulheres. Nos dois sexos, é nestas fases que surge a litíase urinária, chamada “pedra do rim”. Por propensão familiar, por erros alimentares ou défice de ingestão de água, os cálculos formam-se nos rins, podendo desencadear dores intensas, particular- mente quando se libertam e obstruem os ureteres, obrigando, muitas vezes, à sua remoção por cirurgia endoscópica ou por tratamento extracorporal, com ondas de choque. Nos homens, a prostatite é ainda um problema, quase sempre sob a forma recorrente, resultado de uma infeção maltratada, adquirida na adolescência.

Depois dos 50 anos, além de se manterem os problemas urológicos que dominaram as duas décadas anteriores, aparecem outros. Nas mulheres, as infeções urinárias são ainda mais frequentes, embora quase sempre menos sintomáticas, e pode surgir a incontinência urinária. Nos homens, a principal preocupação passa a ser a próstata. Com o progresso da idade, o órgão cresce, obstrui a uretra, e provoca aumento da frequência das micções e diminuição da força do jato miccional. É a chamada hipertrofia benigna da próstata, patologia muito frequente e que obriga a medicação e/ou cirurgia. Mais grave e preocupante é o cancro da próstata, um dos temores sempre presente em todos os homens, sabendo-se que surge e evolui durante anos sem qualquer sintoma. Por isso mesmo, é altamente recomendável que, a partir dos 50 anos, todos os homens marquem uma consulta anual com um urologista. O objetivo principal é detetar precocemente o cancro, geralmente através da análise do antigénio específico da próstata (PSA) no sangue e de um toque retal. Eventualmente, em caso de alguma suspeita, serão acrescentados outros exames complementares, que podem integrar até uma biopsia prostática. Se o cancro for confirmado precocemente, existem vários tratamentos, mais ou menos agressivos, mas todos de elevada eficácia. Se o tumor já estiver em fase avançada, já há tratamentos não cirúrgicos que aumentam significativamente a sobrevivência.

O envelhecimento masculino traz ainda problemas específicos, de ordem física, mas também psicológica.  Um dos mais importantes é a constatação do declínio da sexualidade, em geral mal-aceite pelos homens. A diminuição do desejo sexual e a disfunção eréctil são particularmente marcantes. A procura de ajuda de um urologista é frequente, nele depositando esperanças que, na maior parte dos casos, conseguem ver concretizadas.
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