O Casino Figueira guarda «memórias infinitas». Ainda hoje é procurado por veraneantes saudosos, que ali vão reviver histórias antigas, garante António Jorge Lé, o diretor artístico, que conhece há décadas a vida de um dos mais famosos casinos de Portugal. O atual hall de entrada foi, em tempos, o chamado Pátio das Galinhas, onde vinham tomar chá, elegantemente vestidas, as senhoras da alta sociedade, braço dado com as filhas casadoiras. «Era uma exposição para arranjarem um noivo “bem na vida”, que desse continuidade ao sustento da família», conta a médica ginecologista Ângela Moita, divertida com as histórias da cidade onde vive há 34 anos.
António Jorge Lé, o diretor artístico, conhece há décadas a vida do Casino Figueira, um dos mais famosos de Portugal
Nessa altura, no edifício funcionava o Theatro-Circo Saraiva de Carvalho, inaugurado em 1884. Com o virar do século, transformou-se em espaço de jogo e lazer, para acolher, «com conforto e dignidade» - palavras de Jorge Lé, o turismo que fez da Figueira uma das mais charmosas estâncias balneares de Portugal. Entre os que mais procuravam o então chamado Grande Casino Peninsular, estavam os muitos espanhóis que elegeram a cidade como local de férias. São desta época os majestosos salões, com belíssimos tetos pintados, da autoria do arquiteto Silva Pinto.
Além do jogo, a atividade principal, o casino acolhe eventos de caráter cultural e artístico
«O casino atravessa todas estas décadas com um papel de ligação ao turismo e à noite, ao jogo e à diversão noturna», explica Jorge Lé. Sofreu sucessivas remodelações e adaptações, das salas de jogo às de espetáculos, do restaurante ao piano-bar. Se no Salão Nobre ainda somos transportados para a Belle Époque, quem olha a fachada totalmente envidraçada é projetado para um ambiente futurista. Além da decoração, também a oferta mudou. «Temos de estar atentos e fornecer espetáculos adequados ao tempo atual», sabe o diretor artístico. Mantendo o jogo como atividade principal, o casino acolhe eventos de caráter cultural e artístico. «É um espaço moderno que vai buscar inspiração às memórias, para continuar um trajeto que é diferente», explica Jorge Lé, para quem o casino continua a ser «um espaço emblemático».