Muito antes de a Figueira da Foz ser uma estância turística, já a vila piscatória de Buarcos, a cinco quilómetros, era o centro do progresso económico e social. Na base, o mar. «Buarcos, com o antigo porto, que já não existe, foi um dos focos principais de desenvolvimento da região», explica Ana Paula Cardoso, coordenadora do Núcleo Museológico do Mar. Aqui chegavam, e daqui partiam, os barcos que navegavam entre o Mondego e o mar, as autoestradas de então.
Ana Paula Cardoso, coordenadora do Núcleo Museológico do Mar, e a médica ginecologista Ângela Moita
Buarcos sempre foi terra de pescadores e peixeiras, homenageados com estátuas e nas mesas dos restaurantes. Muitos deles dedicavam-se à pesca artesanal, junto à costa, de ambos os lados do Mondego, e no próprio rio. Centenas de outros aventuraram-se para as frias terras do Norte, para a «tão complexa como apetecível, porque muito rentável», pesca do bacalhau. «A faina maior», como é conhecida. Partiam em maio, para viagens que duravam meses. Muitos não chegavam a regressar. No porto de Saint Jones, no Canadá, existe um cemitério com uma ala inteiramente dedicada aos pescadores portugueses.
O Núcleo Museológico do Mar de Buarcos homenageia os que viviam do mar e divulga a importância de preservar os oceanos
É possível conhecer estas estórias no Núcleo Museológico do Mar de Buarcos, criado em 2003 para «homenagear as gentes de Buarcos e todos os que trabalhavam e viviam do mar, incluindo as mulheres», diz a responsável. Lá se encontram fotografias antigas, os famosos dóris (pequenas embarcações usadas na pesca do bacalhau à linha) e uma parafernália de utensílios usados na arte da pesca. Para além da história, o museu faz questão de olhar o futuro e divulgar a importância de preservar os oceanos junto das escolas e famílias, pois como assegura Ana Paula Cardoso, «promover a literacia dos oceanos é uma prioridade».