«Basta um toxicodependente não se infetar para já ter valido a pena», admite o diretor técnico da Farmácia Adriana, no centro de Coimbra, João Gabriel Pimentel, referindo-se ao Programa Troca de Seringas (PTS).
Este é o foco do segundo episódio da websérie “Farmácias com Histórias", no âmbito das comemorações dos
50 anos da ANF, que retrata o impacto profundo da intervenção das farmácias na vida das pessoas e das comunidades, com a capacidade inequívoca de as transformar.
A Farmácia Adriana é o espelho do trabalho incansável das farmácias no âmbito do PTS, bem como da relevância do Programa, que chegou às farmácias há mais de 30 anos, em 1993, pelas mãos de Odette Ferreira, com o objetivo de reduzir as infeções pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) e pelas hepatites entre quem consome drogas por via injetável, através do kit “Redução de Riscos".
«Às vezes notamos que uma pessoa deixou de vir à farmácia, mas já por mais do que uma vez as encontrei e, com muito agrado, disseram que largaram as drogas», conta João Gabriel Pimentel.
A relação de proximidade entre as pessoas e as farmácias é decisiva. «Não olhamos ninguém de lado, tratamos quem vem fazer a troca de seringas como um cliente normal», garante.
A presidente da ANF, Ema Paulino, diz que sempre foi «importante» para as farmácias assegurar a promoção de «comportamentos saudáveis» para a «população de risco» em causa, cumprindo o objetivo das farmácias de ter «um espírito de participação em atividades de Saúde Pública».
«Fomos visionários. Em muitas coisas estivemos à frente de outros países mais desenvolvidos e tivemos sempre um objetivo muito claro: dar resposta àqueles que nos procuravam», acrescenta a presidente da comissão organizadora das comemorações dos 50 anos da ANF, Maria da Luz Sequeira.