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6 julho 2018
Texto de Maria João Veloso Texto de Maria João Veloso Fotografia de Direitos Reservados Município do Fundão e Miguel Ribeiro Fernandes Fotografia de Direitos Reservados Município do Fundão e Miguel Ribeiro Fernandes

Educação solidária

​​​​​​​​​​Bons pais fazem filhos cidadãos.

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«Respeito, rigor, generosidade e espírito de voluntariado» são valores que Vera Antunes pretende transmitir não só a bombeiros em início de carreira como aos filhos. Segundo o pediatra Hugo Rodrigues, «os pais são os principais modelos dos filhos», por isso para a descendência de Vera e Hugo Silva será natural seguir as pisadas dos pais. E isso já acontece com Margarida, que desde o ano e meio sabe fazer continência e interiorizou que a mãe trabalha nos ‘tinonis’.


Hugo Silva, Margarida e Vera Antunes no Verão de 2017, no final da gravidez

Promovida em Maio a subchefe dos Bombeiros Voluntários do Fundão, a Mãe Saúda confessa que nem sempre é fácil fazer voluntariado «quando trabalhamos, gerimos uma casa e ainda temos marido e filhos pequenos para cuidar. No entanto, o amor e a dedicação à causa conseguem impossíveis». O pediatra Hugo Rodrigues defende que «o voluntariado é um acto de nobreza em que se ajuda os outros, sem pedir nada em troca» e reforça que «é muito importante as crianças crescerem com esses valores, pois, infelizmente, vão lidar exactamente com o oposto em muitas situações ao longo da vida».

Vera era uma miúda quando entrou para os bombeiros em 1992. «Sempre vibrei muito com a fanfarra e já gostava muito de ajudar». O irmão de Vera fazia parte do pelotão e a melhor amiga também, e foi assim que agarrou a causa. 


Vera no dia em que foi condecorada com os galões de subchefe. Um dia «de muitas emoções»

É a vontade de socorrer o próximo que a move e não a deixa desistir quando lhe é imposto um esforço físico e psicológico acrescido para formações em horário pós-laboral, fins-de-semana incluídos, neste caso por causa da promoção. 

O trabalho não é remunerado, mas Vera garante que o que recebe é de um valor incalculável. «Um sorriso de um doente terminal, a felicidade de uma mãe que deu à luz, ou a mão aliviada de uma criança salva de um incêndio». Talvez por essa razão seja tão compreensiva relativamente às ausências de Hugo, subcomandante dos bombeiros que não teve mãos a medir ao longo do Verão passado, quando ela estava na recta final da gravidez e de baixa por motivos de saúde. «Sabia que ele era necessário e tinha que ajudar, mas não deixei de ficar ansiosa. A encosta da Gardunha estava a arder e senti-me uma inútil por não poder ajudar. Ao mesmo tempo, tinha receio de entrar em trabalho de parto e não ter o Hugo perto de mim». Ainda tentou ir para o quartel encher sacos com produtos alimentares, mas, sensata, a mãe não a deixou.

Vera Antunes sente que «o voluntariado é cada vez mais escasso e deveria ser encarado como uma mais-valia para se ingressar no mercado de trabalho. Até porque os bombeiros são multifacetados».



Hugo Rodrigues realça a importância da escola como um lugar privilegiado na «partilha de hábitos e tradições familiares». Quem sabe o entusiamo da pequena Margarida não agregará mais amigos para a causa?

De todos os bombeiros que Vera conhece, nenhum se arrepende da escolha que fez. Uma escolha nobre e altruísta, que põe a comunidade em primeiro lugar.
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