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6 fevereiro 2025

Doenças cardíacas no bebé

​​​​O que os pais precisam saber para identificar sinais de alerta.

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Texto de Sérgio Matoso Laranjo​ | Cardiologista pediátrico, Hospital CUF​ Tejo, Clínica CUF Barreiro e Clínica CUF Almada

O coração do seu bebé começa a bater durante a gravidez, por volta das seis semanas de gestação. Este órgão vital, do tamanho de uma ameixa, faz um trabalho extraordinário ao bombear cerca de 1.500 litros de sangue por dia num recém-nascido. No entanto, algumas crianças nascem com alterações na estrutura ou funcionamento do coração, condição conhecida como cardiopatia congénita. As cardiopatias congénitas afetam aproximadamente oito em cada mil bebés, sendo a malformação congénita mais frequente. Os avanços da Medicina moderna permitem diagnosticar muitas destas situações ainda durante a gravidez, através da ecografia fetal, o que permite um planeamento adequado de cuidados necessários após o nascimento.

Os sinais de alerta incluem dificuldade na alimentação, especialmente cansaço durante as mamadas; respiração acelerada ou com esforço; coloração azulada nos lábios ou na língua; sudorese (transpiração) excessiva, especialmente durante a alimentação; e crescimento inadequado. Perante algum destes sinais, procure imediatamente avaliação médica.

O sopro cardíaco, um som extra durante os batimentos do coração detetado pelo médico através do estetoscópio, é um dos primeiros sinais de uma cardiopatia congénita. No entanto, é importante saber que nem todos os sopros são patológicos, muitas crianças saudáveis apresentam sopros inocentes que não requerem tratamento.

Há diferentes níveis de gravidade de cardiopatias congénitas. Algumas resolvem-se espontaneamente, como pequenas comunicações entre câmaras cardíacas. Outras reque- rem intervenção cirúrgica nos primeiros dias ou meses de vida. O diagnóstico precoce é funda- mental para definir o melhor tratamento.

Nestas situações é essencial o acompanha- mento regular por uma equipa especializada em cardiologia pediátrica. Atualmente, mais de 90% das crianças com cardiopatias congénitas chegam à idade adulta com boa qualidade de vida, graças aos avanços no diagnóstico e tratamento. Muitas conseguem participar em atividades físicas e ter uma vida praticamente normal.

Para os pais, receber o diagnóstico de uma cardiopatia congénita pode ser assustador. No entanto, é importante saber que existem redes de apoio, incluindo equipas médicas especializadas, grupos e associações de doentes. A partilha de experiências e o suporte mútuo são fundamentais nesta jornada.

A prevenção é um pilar importante. Durante a gravidez, recomenda-se seguir as orientações médicas, manter uma alimentação equilibrada, evitar substâncias nocivas, como álcool e tabaco, e realizar os exames recomendados.

Lembre-se: cada criança é única e responde de forma diferente aos tratamentos. Com acompanhamento adequado, a maioria das crianças com cardiopatias congénitas desenvolve-se bem e tem uma vida feliz e saudável.
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