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2 março 2023
Texto de Jaime Pina (médico, Fundação Portuguesa do Pulmão) Texto de Jaime Pina (médico, Fundação Portuguesa do Pulmão)

Doença alérgica

​​​​​Os genes e o ambiente, uma equação a aprender.​

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Na consulta de alergologia é habitual os pais da criança alérgica perguntarem se a doença do filho tem a ver com a hereditariedade. A resposta é sim…, mas não só. Estão identificados muitos genes relacionados com as alergias, porém, o meio ambiente tem um importante contributo.

As doenças alérgicas têm uma expressão não uniforme, consubstanciada naquilo que habitualmente se chama a “marcha alérgica”, que integra quatro etapas que se vão sucedendo e, quase sempre, justapondo com o crescimento da criança. Começa com o eczema/ a dermatite atópica, muitas vezes seguidos ou acompanhados de alergia a alimentos e, mais tarde, em sucessão, a rinite e a asma.

Outro aspeto a estar atento são os episódios de doença respiratória nos primeiros tempos de vida: respiração sibilante (pieira) ou mesmo bronquiolites, quase sempre provocadas por infeções víricas, com particular destaque para o vírus sincicial respiratório, como está a acontecer este ano. É muito frequente que as crianças com episódios destes nos primeiros meses de vida desenvolvam mais tarde asma brônquica.
 
Os sinais indiciadores de doença alérgica detetam-se sobretudo na pele, quer no contexto de atopia, em alergia alimentar, quer no aparelho respiratório, como rinite e asma brônquica.

Quanto ao tratamento, e já que a terapia genética está ainda na sua fase inicial, restam na prática duas abordagens: a prevenção e os fármacos.

Quanto à primeira, deve ser encarada por todos os doentes como prioritária e visa reduzir ou evitar o contacto com os produtos a que a pessoa está sensibilizada e se sabe que irão provocar doença.

Por exemplo, depois de detetada uma alergia a um alimento (os principais alergénios alimentares são o ovo, o leite de vaca, o trigo, a soja, alguns frutos e os mariscos), esse alimento passa a ser proibido, até porque as reações podem ser generalizadas e graves. São as chamadas reações anafiláticas, que podem pôr em risco a vida dos doentes.

O mesmo se passa com a alergia ao pelo dos animais, na grande maioria dos casos os nossos dois principais animais de estimação: cães e gatos. Quando detetada, a coabitação num apartamento não é boa ideia e traduzir-se-á, seguramente, em episódios de doença alérgica que podem ser severos ou mesmo graves.

Outro tipo de alergia é aos pólenes, a mais importante no ambiente exterior. Entre nós predomina a alergia aos pólenes das gramíneas, da oliveira e da erva parietária.

Os pólenes, na época de polinização (na primavera e no início do verão), são ubíquos, mas a sua concentração no ar diminui à beira-mar devido ao aumento da humidade. É por isso que a praia tem um efeito tão benéfico nestes doentes, quer sofram de conjuntivite, rinite ou asma. Para além disso, os doentes com polinose devem evitar o campo e os relvados (nunca cortar relva), viajar de carro com as janelas fechadas, utilizar um capacete integral (caso utilizem mota), arejar a casa entre o pôr e o nascer do sol, evitar estar no exterior quando sopra mais vento (sobretudo nos dias mais quentes e secos), fazer desporto em ambiente indoor (durante a época de polinização, prefira o ginásio e as piscinas) e proteger os olhos com óculos escuros no exterior. Outra boa ideia é consultar o Boletim Polínico, que divulga as previsões semanais das concentrações dos pólenes, o que permite evitar as zonas em que elas estejam mais elevadas.

A prevenção na alergia provocada pelos ácaros do pó da casa, a principal causa de alergia, será abordada no próximo mês.
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