Texto de
Hugo de Castro Faria | Coordenador de pediatria, Hospital CUF Descobertas e Hospital CUF Torres Vedras
A diabetes é uma doença crónica que se caracteriza pelo aumento dos valores de açúcar no sangue (glicemia). Este aumento causa uma série de alterações metabólicas que provocam sintomas como perda de peso, aumento da sede, e consequente ingestão de líquidos, maior quantidade de produção de urina, aumento da fome e ingestão de alimentos.
A causa difere consoante o tipo de diabetes. Na diabetes tipo 1, mais frequente nas crianças, deve-se à redução significativa da produção de insulina por parte do pâncreas, devido a um ataque do sistema imunitário às células produtoras da hormona. A destruição é tão significativa que provoca a dependência da administração de insulina.
A diabetes tipo 2 é mais rara nas crianças, apesar de ter vindo a registar-se um crescimento nos últimos anos, sobretudo entre os adolescentes. Na diabetes tipo 2 não existe redução da produção de insulina, mas sim menor sensibilidade das células à sua ação, em resultado de erros alimentares e sedentarismo recorrente. A diabetes tipo 2 pode ser tratada com comprimidos ou insulina, mas depende em grande medida da adoção de medidas de promoção da saúde e hábitos de vida saudável, como a alimentação adequada e a prática regular de exercício físico.
A incidência de diabetes tipo 1 tem aumenta- do em crianças, sobretudo entre as mais novas. A incidência crescente da diabetes tipo 2 surge como consequência do aumento da obesidade pediátrica.
O tratamento exige o controlo apertado dos valores de glicemia. Na diabetes tipo 1, passa pela administração de insulina através de injeção ou por bomba de insulina. A aprendizagem nutricional é muito importante, uma vez que é preciso adequar as doses de insulina à quantidade de hidratos de carbono ingeridos em cada refeição, assim como o estilo de vida. A criança com diabetes tipo 2 pode necessitar de insulina ou comprimidos. Neste caso, as alterações no estilo de vida são fulcrais.
A correta abordagem à doença exige uma equipa multidisciplinar que inclui especialistas em endocrinologia pediátrica, pediatria, nutrição, enfermagem, psicologia, entre outras áreas, bem como o envolvimento da família e da escola.
A diabetes infantil não tratada pode ter complicações agudas, que incluem desidratação grave, acidose e coma. Estes quadros podem, e devem, ser prevenidos através do controlo adequado dos níveis de glicemia. A diabetes está associada, igualmente, a complicações crónicas a longo prazo, que incluem doenças nos olhos (a chamada retinopatia diabética), rins e vasos sanguíneos, bem como um maior risco de infeções.
Ainda não existe cura para a diabetes, mas vários estudos em evolução indiciam alguma esperança. Entre estes, destacam-se os que incluem a transplantação de células pancreáticas.