Algumas curvas em direção ao vale, e a aldeia de Coz aparece como que saída de um sonho, um segredo bem guardado do presente. Um silêncio magistral acompanha os passos enquanto deambulamos pelas ruas da aldeia até desembocar no antigo Mosteiro de Santa Maria de Coz, fundado no século XIII.
Até onde a vista alcança, há campos plantados e florestas antigas. Reconhecido como Monumento Nacional em abril de 2021, este mosteiro ornamentado ao estilo barroco viveu durante séculos tempos de bonança. Foi habitado por monjas de Cister até à dissolução das ordens religiosas em Portugal no século XIX. A Igreja, com teto abobadado coberto de frescos e detalhes em talha dourada, é testemunho disso mesmo.
Igreja de Coz
Ana Paula Pires é a guia da visita ao belo monumento. É um dos membros da Coz Art, uma associação sem fins lucrativos nascida em 2015 para ajudar na sustentabilidade económica do centro de bem-estar de Coz, e cabe-lhe fazer as honras da casa e abrir as portas aos visitantes.
Alda Gomes, diretora e uma das fundadoras da Coz Art, a par do artesão Eurico Leonardo, explica que o projeto tem várias valências e o nome é indicativo: «Coz porque é em Coz. Art de artesanato, ruralidade e turismo».
Maria Cândida e Marisa são artesãs da Coz Art
Além de abrir as portas do mosteiro aos visitantes, a Coz Art revitalizou a ancestral arte das antigas cestas de junco. A dona Maria Cândida, de 79 anos, é uma das artesãs mestras que participam no projeto. O tempo passado na oficina, seja a fazer malas, seja a ensinar a sua arte a aprendizes como Marisa Ramos é o mais alegre do seu dia, assevera. «Não gosto de estar sozinha em casa, não estou lá a fazer nada. Aqui sempre faço alguma coisa de bem».
