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4 setembro 2020
Texto de Jaime Pina (médico, Fundação Portuguesa do Pulmão) Texto de Jaime Pina (médico, Fundação Portuguesa do Pulmão)

As vacinas são decisivas

​​​​​​​Este ano ainda é mais importante proteger-se das infecções respiratórias.

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A COVID-19 veio introduzir um novo factor de preocupação para o Outono/Inverno. É que se há coisas que sabemos é que neste período vão aumentar as infecções respiratórias. Há outras que não sabemos: se vai ou não haver uma segunda onda pandémica, ou quais os riscos potenciais resultantes da circulação conjunta deste vírus com os vírus da gripe sazonal.

Outra coisa que sabemos é que no tempo frio há necessidade de proteger as pessoas mais frágeis das infecções respiratórias. Se tal era uma prática habitual, este ano é ainda mais importante.

Neste contexto surgem naturalmente três perguntas: Quem são essas pessoas? Quais são as infecções? Como nos podemos proteger?

As pessoas de maior risco são crianças e idosos, pessoas com deficiências da imunidade (por exemplo, pessoas sem baço, com doenças do sistema imunitário, com doentes a fazer tratamentos que deprimem este sistema, ou infectados pelo VIH). Dos grupos de risco constam ainda pessoas com cancro, todos os doentes crónicos, com particular ênfase para a diabetes e as doenças crónicas dos órgãos vitais (coração, rim, fígado e, sobretudo, pulmão). 

Todas estas pessoas têm maior probabilidade de contrair infecções, ter formas mais graves das mesmas e descompensarem as suas doenças-base.

Quanto à segunda pergunta, as infecções respiratórias que predominam no período mais frio do ano são as infecções do tracto respiratório superior, as viroses, as bronquites – com um particular realce para as agudizações infecciosas da DPOC, as pneumonias, a gripe e, este ano, a COVID-19.

Quanto à forma de nos protegermos, e para além das ferramentas preventivas ― medicamentos e vacinas ― uma palavra para as atitudes comportamentais. O distanciamento físico, o uso de máscara em ambientes fechados e a desinfecção das mãos são importantíssimos. São as únicas medidas que temos para a COVID-19 enquanto não existir uma vacina, mas que ultrapassam este âmbito: são atitudes preventivas muito úteis relativamente a todas as infecções respiratórias. Porém, as armas preventivas por excelência são as vacinas e dispomos de vacinas para duas temíveis infecções respiratórias: a gripe e a pneumonia.

A vacina antigripal está indicada para outros grupos de pessoas, para além dos grupos de risco referidos. Como o objectivo é cortar o mais possível a cadeia de transmissão, pessoas como os profissionais de saúde, pessoas internadas ou institucionalizadas, grávidas ou cuidadores de pessoas de risco devem igualmente ser vacinadas.

Quanto à vacina da pneumonia (vacina antipneumocócica), realço a sua importância nas crianças e em pessoas com mais de 65 anos. A vacinação antipneumocócica nas crianças está resolvida com a inclusão no Programa Nacional de Vacinação. Já na população com mais de 65 anos o nível de vacinação é muito baixo e uma das formas mais eficazes de o aumentar seria a sua gratuitidade ao nível do SNS, copiando, aliás, o modelo já implementado, com tanto êxito, para a vacinação antigripal.

Outra arma na prevenção das infecções respiratórias são os medicamentos imunomoduladores, fármacos com capacidade de estimular as células imunitárias, sobretudo as implicadas na imunidade antiviral. Entre nós existem os lisados bacterianos, fármacos com fragmentos das bactérias mais frequentemente implicadas nas infecções respiratórias. Têm indicação para crianças, em doentes que sofrem de infecções respiratórias recidivantes, e todos os que padecem de doenças respiratórias crónicas. 

Atenção, este vai ser um Inverno particular, que exige de todos nós uma estratégia defensiva e preventiva para não ficarmos doentes e não transmitirmos infecções a outras pessoas. É não só uma atitude sanitária como também cívica.
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