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5 setembro 2022
Texto de Jaime Pina (médico, Fundação Portuguesa do Pulmão) Texto de Jaime Pina (médico, Fundação Portuguesa do Pulmão)

Alergias de outono

​​​​​​​​​Ácaros, fungos e pólenes afastados, medicação e vacinas melhoram qualidade de vida das pessoas alérgicas.​

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As agudizações de rinite ou de asma alérgica são muito perturbadoras, porque interferem com a qualidade de vida. Estão associadas a absentismo escolar ou profissional, obrigam a recorrer a apoio médico (muitas vezes a urgência hospitalar), para não falar nos riscos para a saúde subjacentes a uma crise de asma ― todos os anos morrem em Portugal cerca de 140 pessoas devido a estas crises. 

Existem dois agentes desencadeantes principais das agudizações alérgicas: o contacto com os alergénios a que o doente é sensível; as infeções respiratórias, com particular destaque para as de origem viral. É sobretudo nestas duas componentes que se devem focalizar as ações preventivas, em particular nas épocas do ano em que elas são mais prevalentes: na primavera e no outono.

Relativamente às primeiras, estão tipificados os comportamentos de risco que o doente deve evitar e que o médico assistente tem o dever de explicar pormenorizadamente. Eles referem-se em especial aos principais grupos de alergénios responsáveis pela grande maioria das crises de alergia: ácaros do pó da casa, fungos, epitélios de animais e pólenes. Os três primeiros exigem cuidados particulares no interior das habitações (com muita atenção ao quarto do doente). Quanto aos pólenes, as cautelas são dirigidas ao ambiente exterior (por exemplo, vá para a praia e evite o campo, na época da polinização).

Estas precauções devem ser complementadas com medicação preventiva, que pode ter de ser administrada durante todo o ano ou apenas nas épocas mais agressivas para o doente. A eficácia desta medicação é muito significativa e evita, só por si, muitas crises. 

Uma importante medida que não deve ser esquecida é a imunoterapia específica, vulgarmente apelidada de vacinação antialérgica. Elaboradas a partir das alergias identificadas em cada doente e administradas de forma cada vez mais fácil (por exemplo, através de gotas ou sprays sublinguais), as vacinas antialérgicas permitem reduções muito importantes dos níveis de alergia, possibilitando, na maioria dos casos, a redução da medicação, das crises e da sua gravidade, e a melhoria da qualidade de vida para muitos doentes e familiares.

No outono, a situação clínica dos doentes alérgicos complica-se, com a chegada dos vírus respiratórios e de outros microrganismos responsáveis pelas infeções respiratórias. Estas infeções, que atingem todo o aparelho respiratório ― via aérea superior, brônquios e pulmões ― podem desencadear crises de dificuldade respiratória, que nalguns casos obrigam à ida a um serviço de urgência, e nas crianças mais novas podem exigir internamento hospitalar, a fim de serem assegurados os níveis adequados de oxigénio. 

É neste contexto que se torna ainda mais importante prevenir estas infeções, utilizando as principais ferramentas disponíveis: vacinas anti-infeciosas e medicamentos que estimulam a imunidade. 

Relativamente às primeiras, uma referência particular para o Programa Nacional de Vacinação (PNV), que inclui três vacinas a serem administradas a crianças, e que conferem proteção contra importantes infeções respiratórias. 

Quanto aos adultos, não esquecer as três vacinas respiratórias: a dose suplementar da vacina contra a COVID-19, a vacina antigripal e a vacina antipneumocócica (vulgarmente denominada vacina contra a pneumonia).

Por fim, uma palavra para o papel dos lisados bacterianos, medicamentos elaborados à base de fragmentos dos principais microrganismos respiratórios, e que têm uma ação significativa na defesa contra estas infeções.​
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