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31 outubro 2024
Texto de Henrique Salgado | Psiquiatra, Clínica MIM Texto de Henrique Salgado | Psiquiatra, Clínica MIM

Adultos irrequietos e distraídos?

​​​​​​​A perturbação de hiperatividade, com ou sem défice de atenção, é pouco valorizada depois da adolescência.​

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«Na escola não ficava quieto e não conseguia focar-me nos estudos (…) estavam sempre a chamar-me a atenção (…) diziam que tinha capacidades, mas que era preguiçoso», «perco-me nas conversas, não consigo estar concentrado numa reunião»; «estou sempre a perder o telemóvel, as chaves e a carteira»; «não consigo manter nada na minha vida, farto-me de tudo muito rápido»; «distraio-me e nunca acabo nada! (…) estou sempre a procrastinar!»; «nem sabia que existia, mas vi no instagram que tenho todos os sintomas. Será que tenho hiperatividade ou défice de atenção?»

Questões como estas são cada vez mais fre​quentes em consulta. A Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) nos adultos continua a ser desvalorizada.

A PHDA é uma alteração do neurodesenvolvimento que surge na infância e permanece, numa parte significativa das pessoas, na idade adulta. A sintomatologia é variável, sendo comum a desatenção, impulsividade, desregulação emocional, e dificuldades na capacidade de execução de tarefas e obrigações. Outras manifestações comuns incluem inquietação corporal e agitação psicológica. Iniciar projetos sem os terminar, agir ou falar impulsivamente, ter dificuldade na gestão do tempo, perder objetos com facilidade, e ser incapaz de prestar atenção a conversas, são comportamentos frequentes. Estes sintomas provocam inúmeras consequências negativas nas relações interpessoais e no bem-estar destas pessoas. Queixam-se repetidamente de dificuldades na vida pessoal, familiar, académica e profissional. A PHDA está também associada a maior incidência de acidentes de viação e de criminalidade.

Importa notar que os sintomas de PHDA podem ser semelhantes aos de múltiplas outras perturbações de saúde mental. A correta avaliação e a realização do diagnóstico diferencial são essenciais. A existência de comorbilidade é também muito comum nestes doentes.

O tratamento é bastante eficaz e tem impacto direto no alívio dos sintomas, com tradução na melhoria das capacidades de quem sofre desta doença. Todavia, em alguns casos, podem surgir efeitos indesejáveis, como a perda de apetite. Assim, quando há suspeita de PHDA, é indispensável realizar um estudo médico cuidadoso e meticuloso. Esta avaliação é essencial para obter um diagnóstico correto, permitindo a escolha do tratamento adequado à pessoa e à patologia, e a consequente melhoria da qualidade de vida de quem sofre desta doença.
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