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3 novembro 2022
Texto de Joana Afonso (médica de Medicina Geral e Familiar) Texto de Joana Afonso (médica de Medicina Geral e Familiar)

Não há saúde sem saúde mental

​​​​​Com orientação clínica correta, é possível controlar a doença.​

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Ainda somos um país de brandos costumes e teimamos em tratar os problemas de saúde mental como coisas da nossa cabeça. Já é tempo de reconhecer que doenças como a ansiedade, a depressão, as dependências, as perturbações psicóticas, como a esquizofrenia ou os transtornos alimentares, têm enorme impacto no dia a dia da população.

As perturbações mentais são a principal causa de incapacidade em Portugal. São responsáveis por cerca de um terço dos anos de vida saudáveis perdidos devido a doenças crónicas não transmissíveis. Mas a doença mental não é só do doente, nem o define. Saiba reconhecer:

Ansiedade  ―  Considera-se  uma  doença quando interfere negativamente na capacidade de as pessoas desenvolverem atividades diárias, causando sofrimento físico ou emocional significativo. Sintomas como fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, dificuldade em dormir, oscilações de peso, aumento da tensão muscular, dores de cabeça, coração a bater mais rápido, náuseas, vómitos ou diarreia podem aparecer num quadro de ansie- dade. Atualmente, apenas duas em cada dez pessoas procuram ajuda especializada. Tratando-se de uma doença controlável, não hesite em procurar ajuda junto do seu médico assistente e/ou psicólogo.

Depressão ― Quando se perde a vontade de realizar tarefas que antes davam prazer, a energia é reduzida e o cansaço constante. Há casos em que o funcionamento psicossocial está diminuído ou causa sofrimento significativo à pessoa. Além dos sintomas de um quadro de ansiedade, reconheça pensamentos negativos, sentimentos de culpa e de inutilidade, baixa autoestima, ideação suicida e pensamentos constantes sobre a morte. A intervenção conjunta da medicina e da psicoterapia é uma das chaves para o sucesso do tratamento. Procure ajuda, ofereça ajuda.

Dependências / Adição ― Pode ser-se dependente de coisas tão diferentes como o álcool, a cafeína, a nicotina, a cannábis, os alucinogénios, os sedativos ou o jogo, entre outras. Em comum, têm a capacidade de fazer com que sejam usadas continuamente, em quantidades cada vez maiores, por tempos cada vez mais longos, com desejo e necessidade intensos, sem que a pessoa tenha em conta os impactos negativos a nível físico, psicológico e social. Sem ajuda, pessoas com estes comportamentos dificilmente conseguem reverter à capacidade de controlo.

Perturbações psicóticas, como a esquizofrenia ― Na presença de alucinações auditivas ou visuais, delírios, paranoia, desorganização da fala ou sintomas negativos, esta pode ser uma doença com um impacto muito negativo no funcionamento de uma pessoa em sociedade. No entanto, sob correta orientação clínica, terapêutica farmacológica, psicoterapia e intervenção social, é possível controlar a doença.

Transtornos alimentares ― Quando há uma associação negativa e prejudicial com os alimentos. Em Portugal, mais de metade dos casos dizem respeito à anorexia, com um número crescente de hospitalizações. Quadros de bulimia ou compulsão alimentar devem também ser identificados. Em qualquer destes casos, o acompanhamento por profissionais de saúde é crucial.

Está na hora de não subestimar. Esteja alerta e perceba que não há saúde sem saúde mental.​
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